Cortes de Elon Musk chegam a projetos da Millennium Challenge Corporation
Agência deve dispensar funcionários e terminar as doações a cerca de 40 países em desenvolvimento, caso por exemplo de Cabo Verde, que já beneficiou do financiamento de dois compactos e assinou, em 2024, um terceiro acordo.

O governo do presidente americano, Donald Trump, prevê grandes cortes em uma agência dos Estados Unidos que investiu milhões de dólares em infraestruturas na África, segundo um memorando ao qual a AFP teve acesso. Entre as agências governamentais está o Millennium Challenge Corporation (MCC), que apoia projectos de desenvolvimento sobretudo em países africanos.
Segundo o documento, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), comandado pelo bilionário Elon Musk, vai impor uma “redução importante” em programas e no pessoal da Millennium Challenge Corporation. O site noticioso AFP diz que a agência deverá dispensar os seus 320 funcionários e finalizar as doações a cerca de 40 países em desenvolvimento onde tem projetos.
Fundada em 2004 durante o governo do presidente George W. Bush, e beneficiária de um apoio bipartidário, a MCC firmou contratos para investimentos dos EUA em países em desenvolvimento que cumprem com padrões de democracia, abertura econômica e boa governança. Tem actualmente assinados ou em implementação mais de 5,4 mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) em subsídios em 20 países de baixo rendimento.
É o caso de Cabo Verde, por exemplo, que assinou um primeiro compacto em julho de 2005, quando o Governo e a agência assinaram um acordo de cinco anos, no valor de 110 milhões de dólares (97 milhões de euros), para ajudar a aumentar o crescimento económico do país e reduzir a pobreza através de investimentos em infra-estruturas, gestão de bacias hidrográficas e apoio à agricultura, e desenvolvimento do setor privado.
O país voltou a ser seleccionado em 2012 para um segundo pacote no montante de 66,2 milhões de dólares (58 milhões de euros) para reduzir a pobreza através do crescimento económico. Em 2023, foi novamente considerado elegível para desenvolver um programa para fins de integração económica regional. A MCC e o Governo chefiado por Ulisses Correia e Silva assinaram, em 2024, o acordo de concessão de financiamento, que antecede uma terceira subvenção para apoiar e facilitar o desenvolvimento e início da implementação do programa.
Em Zâmbia, por exemplo, a MCC assinou um acordo em outubro de meio bilhão de dólares para desenvolver rodovias e projetos de irrigação, além de impulsionar a eletricidade. Enquanto que no Senegal, está a implementar uma iniciativa de US$ 600 milhões, que inclui US$ 50 milhões do governo senegalês – para ampliar a rede elétrica em áreas rurais.
De acordo com a página da MCC, no passado a organização também enviou recursos para El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Honduras, Paraguai e Peru. O memorando agora tornado publico indica que a revisão não está completa e que não está claro se os Estados Unidos vão cumprir os contratos prometidos.
O investimento em países em desenvolvimento é considerado uma área de influência para as potências mundiais.