
A Escola de Samba Tropical vivenciou o seu maior pesadelo na noite desta segunda-feira. Um dos andores quebrou-se por duas vezes, na saída do estaleiro na zona de “Carreira de Tiro” e depois na concentração, e o carro de som dividiu-se em dois – o engate partiu-se na Praça Nova. Foram precisos mais de três horas para resolverem os problemas e iniciar o desfile. Muitos foliões entraram em desespero, algumas pessoas desistiram de esperar, mas os persistentes não se arrependeram. Assistiram a um desfile grandioso, com muito brilho, o “melhor de sempre”, segundo o presidente David Leite.
Em declarações à imprensa, David Leite pediu desculpas, repetidamente, aos foliões e aos amantes do Carnaval pelo transtorno e descreveu, ao pormenor, os problemas que tiveram de resolver para justificar o atraso. “Tivemos um grave problema na saída dos andores do estaleiro. O primeiro andor quebrou. Tivemos de soldar boa parte e, quando chegamos aqui na Praça Nova, o nosso carro de som também quebrou o seu engate. Estivemos a soldar durante muito tempo. Infelizmente o nosso Carnaval já ganhou uma dimensão que, em termos de logística, precisamos de outras condições.”

Para o presidente da EST, este incidente pôs a nu as péssimas condições em que o grupo trabalha no estaleiro, ou melhor no espaço que batizaram com este nome, mas que, segundo Leite, de estaleiro não tem nada. “Ainda estamos a trabalhar nas condições dos anos 80. Por causa disso, todos os grupos enfrentam problemas na saída dos andores. Tivemos quebra de um andor na saída do estaleiro e outro azar na concentração, e ainda a quebra do carro de som. Volto por isso a pedir desculpas. É algo que ultrapassa os nosso meios humanos e equipamentos. Mas acredito que o pior já passou”, declarou.

Lembra que no ano passado o grupo também enfrentou problemas com um dos carros alegóricos, pelo que lança um apelo a todos os intervenientes para tentarem melhorar as condições. “Estamos todos juntos. Aqui não há culpados. Estamos a sonhar alto o nosso Carnaval. Cada ano queremos fazer mais e melhor. Estamos a criar condições para os espectadores com bancadas e som, mas o básico, que são as condições de estaleiro, está a ficar para trás. Repito, não estamos a culpar a Ligoc, a Câmara e nem os outros grupos, mas temos de elencar as prioridades. Precisamos de melhores condições no estaleiro. Estamos a trabalhar em aut&enticas lixeiras, sem máquinas e sem meios.”
Patrocínios pendentes
Leite acredita que o atraso na disponibilização dos patrocínios acabou também por condicionar o trabalho do grupo. “Recebemos a segunda tranche da Câmara de S. Vicente esta segunda-feira e o Ministério da Cultura ainda não disponibilizou a última parcela. O principal patrocinador também ainda não. Se estivéssemos a depender dos patrocínios, este ano não conseguiríamos desfilar. Felizmente, sempre fizemos uma boa gestão dos nossos recursos. Por isso, acredito que não vamos ficar com dívidas. Estamos a fazer um Carnaval com os pés fincados no chão, com aquilo que temos.”

O presidente da EST explica que, devido a este condicionante, tiveram de “cortar” muito daquilo que tinham programado. Por exemplo, diz, na Comissão de Frente um show de pirotecnia, que foi cancelado. Mas acredita que, no final, tudo correu de feição e o grupo superou a fasquia de 2024. “Estou satisfeito com o nosso desfile. Estamos bonitos e com muito brilho. Acredito que fizemos um desfile memorável. Como se sabe, contamos a história do nosso Carnaval pelo que a nossa ala de passista representou o inusitado empate entre as quatro rainhas de bateria. O desempate foi feito pelos passistas homens”.

Questionado sobre a saída dos professores na noite de segunda-feira, que desde sempre foi dedicado ao Samba Tropical, David Leite acredita que se trata de mais um contributo para o enriquecimento do Carnaval de São Vicente e em nada afecta o grupo. Lamenta, entretanto, não ter sido em nenhum momento ouvido sobre o assunto. Ou seja, não houve concertação, sequer sobre o horário dos desfiles. Certo é que o Carnaval ganhou mais um dia e ambos os grupos embelezaram a segunda-feira.