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Nas  autárquicas votamos nas pessoas e não nos partidos 

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Quando digo que votamos nas pessoas e não nos partidos, coloco em evidência a importância do caráter, das competências, das ideias e das ações individuais dos candidatos em detrimento da simples afiliação, simpatia ou mesmo fanatismo partidário. Hoje, particularmente, onde os partidos tendem a abandonar extremos identitários, o símbolo e o fanatismo perdem relevância na eleição dos que podem, de facto, alavancar as nossas potencialidades e servir corretamente os municípios. Daí, na minha perspetiva, sugerir aos eleitores orientarem-se pela visão e propósitos dos candidatos, das equipas, das qualidades e virtudes, dos projetos, ao invés de guiarem-se por fanatismo pela bandeira partidária.

Por Nelson Faria

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O símbolo e a bandeira partidária não governam nos municípios. Quem governa, em bom rigor, são as pessoas que elegemos. Mesmo que os partidos, enquanto organizações da sociedade civil direcionadas para a política ativa, tenham as plataformas, com suas ideias gerais e orientações, a definição é local, é das as pessoas que se propõe a governar, é da decisão dos eleitores nessas localidades.

Portanto, o ónus ou o bónus deve ser assumido pelas pessoas eleitas, considerando que quem vai atuar diretamente, gerir recursos e tomar decisões são os indivíduos. Assim, nesta linha, o voto focado nas pessoas visa dar mais atenção à capacidade e competências dos proponentes em representar os interesses do eleitorado, em refletir e realizar as expectativas e anseios dos eleitores, no elucidar da sua integridade ética e transparência, na sua qualificação e preparo, mais do que seu alinhamento automático com as diretrizes partidárias.

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Essa abordagem, no entanto, exige que o eleitor esteja mais informado e atento à atuação política dos candidatos, e menos vinculado a uma fidelidade e fanatismo cego sobre partidos, para o bem ou para o mal. Portanto, na minha perspetiva, não cabem as qualificações e preconceitos, ódios até, sobre partidos nas eleições autárquicas. Vota-se no candidato e equipas que melhor puderem servir ao município. Também por isso, creio que os boletins de voto já deveriam refletir esta peculiaridade, onde se colocam os candidatos em vez dos símbolos partidários.

Mesmo que saiba que ainda se mantém a prática onde muitos eleitores votam no símbolo partidário por tradição familiar, preferências ideológicas, por desconfiança, pré-conceitos e ódios de outros partidos, no entanto, ao olhar para a pessoa e equipas, e não só para o partido, o cidadão reconhece que há diversidade de pensamento e comportamento dentro de qualquer organização política, e que a liderança de um representante individual pode, em certos casos, divergir da linha partidária. Portanto, independentemente de onde estejam os proponentes melhor capacitados, o meu apelo é para o voto nas pessoas que podem realizar um ideário e objetivos comuns das localidades.

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Da mesma forma, adotando esta prática podemos criar um “antídoto” contra a polarização política, pois abre espaço para que os eleitores façam escolhas mais baseadas em mérito individual do que em lealdades partidárias rígidas. Ao votar em pessoas, há uma ênfase maior na qualidade da liderança que se deseja ver na sociedade, independente de onde essa liderança venha.

De forma resumida, votar nas pessoas e não apenas nos partidos é uma forma de privilegiar a competência, a ética e o compromisso dos candidatos com o bem comum, superando rótulos partidários e focando no que realmente importa: quem está mais preparado para nos representar e tomar decisões em nosso nome que impactam o presente e o futuro que vamos viver.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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