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CMSV critica associação Simabô e não descarta o sacrifício dos cães recolhidos no canil municipal 

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A Câmara de São Vicente vai continuar a recolher e a levar cães desacompanhados nas ruas e praias para o canil municipal e não descarta a possibilidade de sacrificar os já que estão confinados, principalmente os doentes, alertando que o prazo para os donos recuperarem os animais é de apenas três dias. O vereador José Carlos da Luz reconhece que o Canil Municipal não oferece as melhores condições de acolhimento desses animais, mas garante que, num futuro próximo, pode ser melhorado, esperando para tal a parceria das associações e clínicas veterinárias.

Em resposta aos cidadãos que pediram à Câmara para cessar a captura de  cães na rua e permitir o acesso dos cuidadores voluntários ao canil municipal, José Carlos apelidou o grupo de “fantoches” e políticos mascarados com a sigla Simabô, associados a outros que, diz, se autoproclamam de voluntários. Na sua perspectiva, esses elementos não são mais do que “aproveitadores” que usam os cães como cobaias para fazerem as suas “experiências”. “A associação Simabô está em S. Vicente há mais de 15 anos. Durante este tempo, a população canina aumentou de forma exponencial. Neste momento, temos cerca de três mil cães abandonados nas ruas da cidade, o que nos leva a afirmar que os processos e as metodologias adoptadas não deram frutos, se é que foi criada para tal”, afirmou, deixando claro que hoje a associação deixou de ser sem fins lucrativos para ser uma fonte de rendimento para estes “fantoches e detratores”.

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Para justificar esta sua afirmação, o autarca convida as pessoas a verem os preços praticados por esta “pseudoassociação” e tirar as suas conclusões. “Qualquer patologia que tratam nas suas instalações do Simabô recebem avultadas quantias em dinheiro. Explorando as pessoas em nome de ONG´s, recebem financiamento em nome do povo e nunca fizeram nada. Aproveitam desses financiamentos para outros fins”, acusa o vereador. Cita, a título de exemplo, encontros de trabalho entre a CMSV e a associação em que um dos pontos acordados era a atribuição de um lote para a construção da sede da Simabô e um canil, que não avançou porque a responsável queria o terreno em seu nome.

Quanto a porta-voz do grupo de voluntários, a médico-veterinária Letícia Oliveira, o autarca garante que sequer participou do encontro entre algumas entidades e a Câmara Municipal de São Vicente, o que mostra que está a agir de má-fé e interesses outros. “Desafiamos esta senhora a apresentar este acordo. O que ficou apalavrado é que daríamos uma trégua de uma semana para cuidarem dos cães, prazo esse que não respeitaram e que terminou na sexta-feira passada”, instigou.

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Figura de cães comunitários inexistente

José Carlos realça que os cães vadios em São Vicente são um problema de saúde pública e que se deve dar combate a este mal. Por isso espera apoio de todos, sem demagogia e oportunismo. Mostra-se por outro lado tranquilo porque, afirma, o Código de Posturas municipais nos seus artigos 166 a 171 respalda as ações da edilidade. “Este diz que os cães vadios serão apreendidos pela fiscalização e recolhidos ao Canil Municipal para efeito de serem abatidos, se não forem reclamados no prazo de três dias, salvo se a CM estiver autorizada a observar outro prazo”, exemplifica. 

Para fazer cumprir a lei, diz, foi construído o canil, que tem capacidade para acolher mais de 100 cães e neste momento alberga 34. Este admite que as condições não são as melhores, por isso aproveitou para sensibilizar os munícipes a cuidarem dos seus cães. Contesta por outro lado a figura de “cães comunitários” que vem sendo defendida pelo grupo de voluntários, alegando que esta prática não existe no Código de Posturas. 

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“Não gostamos de recolher os cães que estão na rua. Por isso, fazemos um apelo às pessoas para cuidarem dos seus cães em casa e não deixá-los na rua para que não sejam recolhidos,” frisou, deixando em aberto a possibilidade de devolução dos animais, desde que os donos provem a propriedade através de ficheiros com as vacinas em dia. “Qualquer dono que tenha o seu cão recolhido deve dirigir-se à CMSV, que vai averiguar os documentos e fazer a devolução ao legitimo dono.” 

Sacrifício sobre a mesa

José Carlos garante que o sacrifício é uma hipótese sobre a mesa, mas somente em último caso. Questionado sobre a possibilidade destas práticas afectarem a imagem de São Vicente e, de alguma forma o Festival da Baía das Gatas, tendo em conta a informação de que a assessoria da cantora Ivete Sangalo está ao corrente dos maus-tratos, o vereador diz estar tranquilo. “Acredito que não afecta o festival, que é de caráter internacional e não é a apanha de cães que vai criar constrangimentos. Não temos esta informação de que a equipa da cantora foi informada. Pensamos que são conversas e não reconhecemos nestas pessoas esta dimensão para perturbar o festival”, acrescenta. 

Bem-estar das pessoas

Já o vereador Rodrigo Martins optou por trazer a questão da criança que foi atacada por um cão na Lajinha, referindo que não foi um caso isolado. Apesar de ninguém referir-se ao assunto, segundo o autarca, a CMSV não pode permitir de forma nenhuma cães vadios, sobretudo nas praias frequentadas por crianças. Também rejeita a tese de cães comunitários, alegando que todos os animais devem ter dono e estar em casa. Falou ainda nos muitos cães que vagavam na estância balnear da Baia das Gatas, sem donos e cuidados, e que também já atacaram crianças, para dizer que se está apenas a utilizar o momento político de aproximação das eleições para atacar a CMSV. 

Quanto a possíveis implicações no festival, Rodrigo Martins optou por desvalorizar as informações do influencer, dizendo ser alguém que sequer teve a preocupação de pesquisar e que se limitou a avançar dados fora da realidade da ilha. “Não teve a mínima preocupação em conhecer S. Vicente. Vamos continuar a recolher os cães e evitar que possam afectar as crianças. Paralelamente, vamos fazer um trabalho de sensibilização para que as pessoas possam cumprir o Código de Posturas Municipais.”

 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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