Hugo Paz estreia como autor, em parceria com o encenador Yannick Fortes, o monólogo “Cabral – Um legado de Liberdade”, que vai ser apresentado no próximo dia 04 de julho no Centro Cultural do Mindelo, em celebração aos 49 anos da independência e 100 anos do nascimento de Amilcar Cabral. A peça será reposta no dia 07 de julho, no Palácio da Cultura, na cidade da Praia.
O espetáculo foi apresentado, em conferência de imprensa, pelo encenador Yannick Fortes e pelo ator Hugo Paz. Trata-se de uma iniciativa individual, com apoio da Companhia 50 Pessoa e da Fundação Amilcar Cabral, e financiamento do Ministério da Cultura. “A peça é uma reflexão sobre o legado de Cabral e o seu impacto na sociedade atual. O espetáculo é feito em comemoração ao centenário de Amílcar e estreia no dia 04, véspera da independência, como forma de comemorar o 05 de julho.”
Escrito e montado por dois jovens da geração pós-independência, Yannick alega que, com esta peça fazem uma reinterpretação de A. Cabral e de todo o seu percurso, do ponto de vista da juventude. “Com este espetáculo, perguntamos e tentamos compreender a pessoa. Não vamos ter uma personagem a interpretar A. Cabral, mas sim um personagem que faz uma reflexão sobre o impacto desta personalidade na historia e na independência de Cabo Verde e Guiné Bissau”, clarifica.
No palco vai estar o ator Hugo Paz, acompanhado pelo guitarrista Marino Mota, que vai interpretar alguns temas revolucionários: “Levanta braço”, “05 de julho”, “Regresso”, “Cabral ka morre”. Hugo Paz vai atuar, cantar e dançar, durante pouco mais de 50 minutos, uma responsabilidade que ambos assumem, apesar do nervosismo e ansiedade para transmitir a mensagem e representar Cabral.
Acostumado a atuar, Hugo Paz arrisca na dramaturgia, com a escrita e montagem desta peça que, afirma, surgiu da necessidade de conhecer melhor a história, sobretudo da independência. “Entrei em contacto com o Yannick, que é dramaturgo e encenador, e ele me ajudou a construir este espetáculo. É uma experiência nova, mas queria experientar algo diferente e ver se é um caminho que posso seguir.”
Para isso, fizeram um trabalho aprofundado de pesquisas que, segundo Hugo, o ajudou a compreender a complexidade de Cabral. “Tivemos acesso a muitos materiais sobre A. Cabral, desde livros, artigos, estudos académicos e cartas a Helena Maria Rodrigues, que nos deram uma perspectiva diferente. A partir destes materiais fizemos uma construção dramatúrgica. Também utilizamos os escritos do próprio Cabral, pensamentos, poesias e analises.”
No final, tanto Yannick como Hugo centraram-se na forma como A.Cabral era visto tanto no país como fora. “Mesmo estando fora, estava no pensamento das pessoas. Vemos isso em Testemunho de um Combatente há várias passagens e reflexões sobre Cabral. Em um deles, que vai ser lido em cena, Hugo reflete sobre a forma como era encarado em Cabo Verde e o autor refere que qualquer pessoas que viam numa ribeira, imaginavam ser Cabral disfarçado. Através da visão diferente que construimos o texto. Vamos ter um Cabral numa perspectiva mais humana, a convivência, percurso, etc.”
Tudo isso, concluiu, para levar as pessoas a refletirem e lembrarem da história de Cabo Verde e levar, sobretudo os jovens, a pesquisarem mais para entenderem a luta promovida por Cabral e seus companheiros e que conduziram a independência nacional. Após a estreia em São Vicente no dia 04 de julho, vai ser reposta no Palácio da Cultura Ildo Logo, no dia 07.