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Fatú frita e vende pastéis na rua, mas sonha ter o seu próprio bar

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O seu nome é Maria de Fátima, mas se apresenta apenas como Fatú, mulher de 34 anos, mãe de quatro filhos, que decidiu fritar e vender pastéis na rua para garantir o sustento da família. O seu ponto é a rua de “Antunim Virginia” em Fonte Filipe, mas o seu grande sonho e ambição é ter um bar. 

Fatú é uma das beneficiarias do projeto “Melhorando a situação das crianças da cidade do Mindelo através da capacitação parental e empoderamento económico das famílias”, gerido pelo Centro Social SOS. Recebeu uma formação para aprender a gerir um negócio e foi agraciada, em dezembro de 2023, com um cheque de 35 mil escudos para iniciar o seu negócio. 

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“Comecei o meu negócio de venda de pastéis e estava a ir muito bem, mas tive de suspender tudo para tratar de um problema familiar. Gastei parte do dinheiro para resolver o assunto. Mesmo com poucos recursos, retomei. Comprava um quilo de farinha para fazer e vender pastel e, com o lucro, reforçava o meu negócio”, relata esta chefe de família. 

Por causa deste constrangimento, ainda não conseguiu liquidar o valor recebido do Centro SOS Mindelo. “Até agora consegui devolver apenas uma parcela do dinheiro que recebi. Mas estou a economizar e, em breve, penso liquidar uma segunda parcela. Aos poucos vou conseguir cumprir o compromisso porque as vendas começaram a crescer novamente”, indica. 

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A título de exemplo, hoje para além de pastéis, Fatú também vende bolos, rebuçados, chupetas, chocolates, de entre outros. “Estou a reerguer-me aos poucos e acredito que vou conseguir. Tenho quatro filhos e um companheiro, mas cada um mora na sua casa. Ele me ajuda com as vendas. Por exemplo, prepara o peixe para o pastel, enquanto faço outras coisas. Estou a diversificar para rentabilizar ainda mais o meu negócio.”

A escolha do “ponto” de venda, diz Fatú, foi natural porque vive nas proximidades. “Esta rua é importante em Fonte Filipe e sempre houve aqui vendas, designadamente de pastéis. Aliás, a minha avó era uma das mulheres que sobreviveu com a venda de pastéis aqui na zona, mas para o lado de Alto Solarine. Foi com ela que aprendi a fazer muitas coisas e também ganhei o gosto pelo negócio”, relata Fatú, cujo sonho é montar um bar. E diz estar ciente de atingir este objectivo.

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Admite que nunca trabalhou em qualquer bar, mas acredita que consegue porquanto, diz, sabe fazer de tudo e está empenhada. “Trabalho como empregada doméstica até as 15 horas e depois venho para cá, onde fico até a meia-noite, de segunda a segunda. Os meus filhos têm entre 9 e 14 anos, estão na escola e preciso lhes garantir o básico. Todos me ajudam. Por exemplo, a minha filha de 12 anos já faz, por conta própria, os seus pasteis. Prepara tudo e eu frito”, revela a vendedeira, que se orgulha de ter uma família unida, que está neste momento a lutar pela sobrevivência. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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