Está oficialmente confirmada a participação do Vindos do Oriente no desfile do Carnaval 2020, depois de pairar algumas reticências sobre esse cenário. Em carta remetida à direcção do grupo no dia 27 de Novembro, o presidente da LIGOC mostrou-se satisfeito com a disponibilidade do VO em integrar o concurso oficial do próximo ano e almejou contar com o “aporte positivo” do mesmo na estruturação do evento, em pé de igualdade com os outros grupos, a saber Monte Sossego, Flores do Mindelo, Estrela do Mar e Cruzeiros do Norte.
“Registamos como importante indicador o facto de o grupo Vindos do Oriente já estar a trabalhar com afinco de forma a contribuir para o brilhantismo que o Carnaval de S. Vicente merece. Do mesmo modo apreciamos o facto de o VO estar disponível para trabalhar com a direcção da LIGOC, visando garantir que os objectivos de modernização, transformação e internacionalização do Carnaval mindelense sejam alcançados e superados”, salienta Marco Bento na resposta enviada ao Vindos do Oriente há uma semana, na sequência de uma carta do referido grupo a informar a Liga da sua disposição em disputar o título oficial em 2020. Para o responsável da LIGOC, é um “regozijo” voltar a ter a presença do chamado “grupe de dona Lily” na Rua de Lisboa.
Com essa decisão ficam definitivamente esclarecidas as dúvidas que pairavam sobre o regresso do VO à liga principal no próximo ano. É que, devido a sua polémica ausência do concurso oficial de 2019, medida que praticamente provocou um corte nas relações com a Liga, foi colocada em causa o direito do grupo em disputar o ceptro em 2020, sem “descer” para a chamada Liga de Acesso, tendo por base os Estatutos da organização.
A pouco mais de dois meses do desfile, o Vindos do Oriente, consoante membro da direcção, está apenas focado nos preparativos do espectáculo, pelo que, diz, o grupo se abstém neste momento de comentar o conteúdo da carta remetida pela LIGOC.
Este grémio, relembre-se, apresentou o seu enredo em Outubro e escolheu como tema “Em busca da pedra filosofal”. Para os carnavalescos Manú Ramos e Cláudio Miranda, esse título abre uma possibilidade infinita de criatividade artística na elaboração dos carros alegóricos e indumentárias. O tema é visto por Manú Ramos como uma aposta ousada do VO, que, diz, assumiu o desafio de viajar pelo infinito do espaço, do tempo e dos oceanos à caça da mítica pedra – um lendário objecto com poderes para transformar qualquer metal em ouro e criar o elixir da juventude eterna.
“Como se pode ver, é um tema interessante, com pano para manga. Todos os dias sofremos metamorfoses, alterações na nossa forma de pensar e espiritualmente. Ora, a busca pela pedra filosofal é uma forma de renovação. Mas, vamos contar essa mitologia à moda cabo-verdiana”, diz o artista, acrescentando que a ideia é retratar o tema como se fosse no cinema, com a célebre frase: “luz, câmara, acção”.
Constança de Pina
