O silêncio do ministro Paulo Veiga está a servir como acha na fogueira para alimentar a notícia sobre o seu provável pedido de demissão do Governo. Vários jornais, inclusive o Mindelinsite, têm procurado contacta-lo por telefone, para confirmar ou desmentir a informação, mas sem sucesso. Ele que normalmente é um governante de fácil acesso, que atende as chamadas ou as retorna na primeira oportunidade.
Há três dias, no entanto, que Paulo Veiga não atende os telefonemas, inclusive de elementos afectos à alta esfera do Movimento para a Democracia. Um deles, que tem relação de amizade estreita com Veiga, disse a este jornal que tentou também entrar em contacto com o ministro, mas em vão.
Os motivos apresentados até o momento indicam que Paulo Veiga terá tomado essa medida devido ao fraco apoio que Carlos Veiga teve na campanha presidencial, que saiu derrotado na primeira volta por José Maria Neves, no escrutínio do dia 17 de outubro. É público que alguns sectores do MpD ficaram insatisfeitos com o nível de adesão de elementos do Governo no embate eleitoral, mas também devido a medidas impopulares anunciadas pelo Executivo durante esse período, como os aumentos do IVA, dos combustíveis, gás e energia eléctrica.
Estas decisões, como confessou Emanuel Barbosa num post no Facebook, foram anunciadas em momento impróprio e terão jogado contra a candidatura de Kalú, apoiada pelo partido ventoinha. O deputado chegou mesmo a acusar o MpD de “liquidar” o líder histórico Carlos Veiga, apesar do apoio declarado pelo seu partido. Barbosa enfatiza que alguns membros do partido e do Governo que subiram aos palcos para discursar a favor de Veiga trataram de o apunhalar pelas costas, através de pronunciamentos à comunicação social anunciando “os venenos que iam matar” a candidatura do fundador do MpD.
A alegada decisão de Paulo Veiga, primo de Carlos Veiga e director de campanha deste candidato, é vista como mais uma prova da crise política instalada no seio do MpD. Este aspecto foi denunciado através de um vídeo por Cândido Rodrigues, ex-deputado eleito pelo círculo das américas, que acusa Ulisses Correia e Silva de estar a querer reinar sem opositores dentro do partido, qual um ditador. Este afirma que a situação interna do partido é altamente crítica, mas ninguém se atreve a falar por medo.
Até o momento Paulo Veiga evitou confirmar ou desmentir a informação, assim como a direção do MpD e membros do Governo. No entanto, esta situação acontece numa altura em que Ulisses Correia e Silva, líder do MpD e Primeiro-ministro, está fora do país, a participar na cimeira dos lideres mundiais enquadrada na Conferencia sobre Alterações Climáticas Cop26, que decorre em Glasgow.