O Bispo Dom Ildo Fortes considera que este ano a Páscoa será ímpar em Cabo Verde, com uma formalidade “sem memória” de alguma vez ter acontecido igual, sem a deslocação dos fiéis à igreja para celebrar a fé. No entanto, espera que, mesmo com o confinamento, a Páscoa não seja de isolamento, no sentido de as pessoas pensarem no outro, comunicarem-se pelas redes sociais e procurarem saber dos que mais precisam neste momento, por gesto de caridade.
“Devemos salvaguardar o confinamento que estamos neste momento, mas não deixar de ir por caridade à procura das pessoas que realmente precisam. Porque estas medidas que temos é para defender a vida e, se tiver que sair para socorrer alguém que precisa, é imperativo do amor cristão ir à procura desta pessoa” salienta Dom Ildo Fortes, para relembrar que Páscoa “é amor e serviço” sobretudo.
O Bispo da Diocese do Mindelo recorda o domingo passado em que se leu o evangelho de São Mateus e dizia que Jesus mandou alguns discípulos à sua frente para dizerem aos fiéis que “em tua casa é que quero celebrar a Páscoa”. Fortes garante que este ano esta passagem da Bíblia tem um tom e um ressoar especial por ser em casa, em família, ou seja na igreja doméstica.
A Igreja celebra a Páscoa no próximo domingo, mas sem a habitual presença do público. Terá apenas um mínimo de pessoas possíveis na eucaristia. Mas os fiéis poderão acompanhar estes rituais, uma vez que a eucaristia será transmitida pela rádio e por outros meios digitais, segundo Dom Ildo Fortes, para que as pessoas sintam o conforto da comunidade e acompanhem o que acontece na igreja, mesmo de longe.
O Bispo pede que, em casa, os crentes preparem o ambiente com um clima de oração, com vela acesa, crucifixo, Bíblia aberta e com a imagem de um santo e desta forma criarem um clima que faça o espírito elevar-se. Dom Ildo Fortes admite, porém, que este ritual não substitui a tradicional Páscoa, porque estar fora da igreja não é igual que estar presente, mas que a igreja reconhece a comunhão espiritual que se dá quando as pessoas estão impedidas de aceder aos meio regulares da confissão ou eucaristia. “Para que o crente se sinta em comunhão com Deus, mesmo em casa.”
Mesmo com casos do novo coronavírus em Cabo Verde, e com o número de óbitos a crescer um pouco por todo mundo, Dom Ildo pede que as pessoas não fiquem a lamentar, não percam a esperança e aproveitem para a purificação espiritual e que procurem mais Deus. O estado de Emergência e a perda momentânea de alguns direitos fazem com que Fortes acredite que as pessoas passem a valorizar mais aquilo que se tem, como uma igreja à porta de casa e a liberdade de celebrar o culto.
Sidneia Newton (Estagiária)