Passageiros da CVA enfrentam dificuldades para sair de S. Vicente: Raul Andrade admite problemas devido a ausência do ATR 42-300

Os passageiros da Cabo Verde Airlines (CVA), sobretudo os que compraram
bilhetes internacionais online, estão a enfrentar enormes constrangimentos parachegar à ilha do Sal e seguir viagem para os países de acolhimento. A situação ficou particularmente tensa durante o Carnaval, tendo em conta o aumento da procura por voos domésticos. É que a Binter optou por priorizar os seus clientes. A CVA, através do seu director para vendas e marketing, Raul Andrade, diz apenas que a empresa vende bilhetes até a ilha do Sal, mas reconhece que estes problemas resultam da retirada de linha do avião ATR.

O Mindelinsite conversou com pelo menos quatro passageiros
que deveriam regressar à Europa na CVA e viveram dias de stress em S. Vicente, antes de conseguirem finalmente viajar. “Compramos os nossos bilhetes online e não tivemos nenhum problema na vinda. No regresso, primeiro fui informada de que a minha viagem tinha sido cancelada, tentei falar com a CVA mas, infelizmente, a empresa não possui representação nesta ilha. Telefonei para todos os números, inclusive para um telemóvel que me foi disponibilizado na ilha do Sal, mas nunca ninguém atendeu as chamadas”, relata uma das nossas fontes, que diz ter entrado em pânico.

É que, afirma, trabalha e o seu filho está na escola, pelo que não podia
permanecer nem mais um dia em Cabo Verde. Desesperada, conta, deslocou-se diversas vezes ao aeroporto para tentar comprar uma passagem na Binter. Conseguiu viajar, mas acabou por alongar as suas férias por mais três dias. “Felizmente conheço a nossa companhia aérea, pelo que tinha comprado uma passagem de regresso com boa margem para poder viajar sem problemas de maior. Foi a minha a minha salvação.”

Já uma outra fonte revela que, após horas ao telefone sem qualquer resposta concreta, teve de recorrer a “favores” de conhecidos para conseguir sair de S. Vicente. “Fui informada que a Binter estava com todos os voos cheios e que era impossível viajar antes do dia 06 de março. O problema é que eu tinha de me apresentar no meu trabalho no dia 01. De imediato, telefonei para a minha empresa e pedi para alongar as minhas férias. Enquanto isso, tentei de todas as formas embarcar e, por sorte, consegui um lugar num dos voos da Binter para a ilha do Sal. Lá segui num dos voos da CVA e, pelo menos, consegui chegar em casa no dia previsto”, frisa.

Confrontado com estas situações, o vice-presidente para a área de vendas e
marketing da Cabo Verde Airlines, Raul Andrade, limita-se a dizer que a empresa continua a vender bilhetes apenas até ao Sal. As “self-connections”,
garante, são feitas com a companhia parceira na operação doméstica, por opção e interesse de cada cliente, em função das ligações existentes. Quanto ao facto de a companhia não possuir agências em S. Vicente para apoiar e orientar os passageiros, este lembra que os bilhetes são vendidos, na sua grande maioria, pelos parceiros da CVA, agentes de viagens e vendas online.

Relativamente à responsabilidade e aos custos que os passageiros são
obrigados a arcar, o vice-presidente para as áreas de vendas e marketing
garante que a empresa tem vindo a proteger os clientes para o seu destino
final. Todavia, prossegue, quando há falta de lugares para protecção, opta por executar voos com o Boeing 757 para diminuir a pressão. Entretanto, apesar de inicialmente tentar mostrar que a situação está tranquila, Raul Andrade acaba por admitir que estes problemas resultam da retirada do ATR, que espera ver resolvida brevemente.

O ATR 42-300, que assegura as ligações do “hub” doméstico criado
com a Lease Fly e Newtour, está em processo de licenciamento deste o dia 05 de Fevereiro para passar para registo cabo-verdiano. Por causa disso, suspendeu os voos internos. 

Em comunicado emitido na altura, a CVA garantia que o aparelho iria retomar as operações em meados do mês, o que não aconteceu até agora. O documento realçava ainda que a parceria estratégica entre a CVA, a Lease Fly e a Newtour teve inicio em Agosto de 2019 por forma a garantir ligações do Sal para as ilhas de Santiago, S. Vicente e Fogo e assim conectar as restantes ilhas ao “hub” internacional.

Constança de Pina

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