O ministro da Economia Marítima, José Gonçalves, fez esta manhã uma viagem para observar o funcionamento das operações de transporte de passageiros e carga e o serviço de atendimento ao cliente na linha São Vicente – Santo Antão. Gonçalves, que partiu do Porto Grande rumo à ilha das montanhas na primeira viagem, às 7 da manhã, admitiu aos jornalistas que a empresa CV Interilhas não estava à espera das especificidades da linha Mindelo-Porto Novo, por sinal a rota mais frequentada no país e com grande peso na economia nacional. Segundo o ministro, essa linha carece ainda de alguma normalização sobretudo nos horários, como elucidam as autoridades e os próprios passageiros.
O facto de a companhia ter começado a operar deste o dia 15 de Agosto, em plena época alta, terá, segundo Gonçalves, apanhado a companhia armadora num dos seus “piores” momentos e funcionado como “um batismo de fogo”. Mesmo assim, esse governante diz que a CVI tem permitido que o serviço de transporte marítimo funcione para as outras ilhas na normalidade. “Não tem havido problemas no resto do país, pois havia ilhas que estavam servidas com deficiência e hoje acabaram-se as reclamações.”
O ministro acredita que tecnicamente apenas um barco com quatro viagens diárias serve para o garantir o fluxo de passageiros entre Santo Antão e São Vicente e que dois barcos numa só linha poderá não ser rentável para o Estado. Com mais barcos nesta rota, assegura, isso iria provocar carências noutras partes do país. No entanto, assegura que o caso de Santo Antão está a ter uma atenção especial. Foi a primeira ilha em que pôde ver uma viagem-teste no terreno. Gonçalves prevê que em 15 dias todos os pormenores de carência estarão alinhados e assegura que retornará à ilha das montanhas para tirar a prova dos nove.
O problema com a venda de bilhetes, acredita o ministro, já está resolvido nas duas ilhas. “Ha mudanças que têm de ser melhor equacionadas, como os horários que ainda não são os mais adequados e é por isso que se tem que ver como melhorá-los. Mas, efetivamente, há mais freqüência, com 24 ligações por semana“, reconhece o responsável pelo sector dos transportes, para quem um caminho para a estabilização da venda de bilhetes é o aumento de postos de venda e espalhá-los pelas cidades, em vez de se concentrarem no porto.
Gonçalves nega haver aumento de tarifas. Como diz, apenas “houve apenas medidas tomadas e que foram imediatamente corrigidas no sistema informático. É que a lei determina que os barcos normais tenham uma tarifa e os mais rápidos outra”. O sistema informatizado, prossegue, não ajudou no funcionamento normal do processo de venda em Santo Antão, ilha acostumada ainda com a compra manual de bilhetes. Por isso, foi preciso preparar as pessoas para a mudança.
Anibal Fonseca, o presidente da Câmara Municipal do Porto Novo, concorda com as melhorias recentes na venda de bilhetes, mas entende que elas não são ainda suficientes. “Pelo menos a venda de bilhetes ja foi normalizada e em Sao Vicente também esta-se a resolver essa questão. Acredito que a ilha necessita de uma segunda embarcação para solucionar os problemas desta rota”, sublinha este autarca.
Mais barcos para a linha Mindelo – Porto Novo
Para o representante dos agentes dos transportes dos passageiros da ilha de Santo Antão, a ilha precisa de um barco que durma no cais e que sirva em caso de urgência. “Precisamos que reponham o Fast Ferry como dantes e que durma atracado ao Porto Novo, porque ontem, por exemplo, tivemos um acidente grave e tiveram que esperar até hoje para os feridos serem evacuados para São Vicente”, elucida este condutor.
Deste modo, elenca alguns problemas enfrentados, como os horários praticados para as viagens, a carência de novos barcos nesta rota para que não haja a sobrecarga apenas num navio. “Não podemos confiar apenas num único navio, porque, se houver uma avaria, será um caos para a ilha”. A importância deste canal, também foi alvo de apreciação deste cidadão da ilha das montanhas.
Com a entrada da CV Interilhas, o sistema de venda de bilhetes tornou-se um caos, de acordo com este nosso entrevistado. Este conta que passageiros e cargas ficaram por embarcar enquanto o navio zarpava do Porto Novo com poucos passageiros.
Carlos Neves credita que a situação ja está melhor, no entanto teme que na ilha do Monte Cara as dificuldades na compra de bilhetes não estejam ultrapassadas. A maior preocupação, acrescenta Neves, consiste no aproximar da época de maior turismo na ilha e que o sistema de venda de bilhetes esteja deficitária. Como garante, em tempos de cruzeiros, a ilha de Santo Antão recebe num só dia mais de 200 turistas. “Estamos a preparar a ilha de Santo Antão para competir com as outras ilhas, mas, se não tivermos transportes, não conseguiremos fazer isto”, admite esse operador que pediu ao Govenro para ouvir as pessoas quando as decisões mexem com as estruturas.
O administrador executivo da CV Interilhas, Paulo Lopes, admite que a empresa enfrentou problemas na linha Mindelo-Porto Novo logo neste arranque. No entanto, diz, houve melhorias no nível de serviço prestado nesta linha com a implementação de algumas medidas.
Este responsável pela CV Interilhas reconhece que esta rota tem especificidades diferentes das restantes e que, por isso, surgiram problemas no início da actividade da companhia.
Segundo Lopes, a venda de bilhetes online está a funcionar há uma semana e assegura que está no plano de acção da empresa a expansão da rede da venda de bilhetes para que possam estar mais perto dos clientes.
Sidneia Newton (Estagiária)