Importadores “de ocasião” deixam mercado sem açúcar em São Vicente

As prateleiras das lojas e minimercados de São Vicente, mas também de outros pontos do país, tem registado com alguma frequência nos últimos tempos escassez de açúcar. Esta é uma situação, a priori, surpreende, tendo em conta o grande número de importadores deste produto de primeira necessidade, mas acontece, pelo menos segundo a directora da Moave, Vera Santos, porque muitos destes importadores são intermitentes, ou seja, compram em função do preço do produto no mercado internacional.

“Estou tentando entender a razão do desaparecimento do açúcar do mercado em São Vicente. Há muitos dias, muito antes do mês de Junho entrar, que esse bem de primeira necessidade desapareceu das lojas. Veio um bocadinho agora este mês, mas foi sol de pouca dura. Será que tem a ver com o fabrico de aguardente em Santo Antão? É que a lixívia também volta e meia desaparece. Isso é no mínimo estranho”, diz Artur dos Santos.

Nas redes sociais, é possível também encontrar publicações de utentes preocupados com a falta de açúcar nas prateleiras das lojas, mini e supermercados do país. Outros há que queixam da obrigatoriedade de comprar outros produtos, para se poder ter pelo menos um quilo de açúcar.

Ao Mindelinsite, a directora da Moave revela que o fornecimento ao mercado já está normalizado. Admite, no entanto, que houve algumas falhas recentes, mas não por culpa da empresa que gere. “A Moave importa uma determinada quantidade de açúcar para abastecer o mercado. No entanto, com o aparecimento de novos importadores, teve de reduzir a quantidade. Acontece que muitos destes importadores não são regulares, ou seja, vão buscar este produto sobretudo em função do seu preço no mercado internacional”, Vera da Luz.

Por causa disso, quando há alta de preço açúcar lá fora, a Moave é uma das poucas empresas que continua a trazer o produto. Com isso, há falhas no abastecimento. Por outro lado, neste momento a empresa decidiu vender sacos de 50 quilos de açúcar apenas para a indústria, sobretudo a de panificação, o que cria dificuldades para os comerciantes das restantes ilhas, que não gostam de comprar açúcar em bolsas de um quilo.

“Neste momento temos diversos tipos de açúcar no mercado, designadamente refinado, cristal, natural amarelo e castanho, em sacos de um quilo. Estes produtos estão em todos os mini-mercados e lojas de São Vicente. Mas os comerciantes de São Nicolau, por exemplo, não gostam de comprar estes sacos de um quilo. Preferem sacos de 50 quilos” explica.

Foi impossível chegar a fala com a Entidade Reguladora Independente da Saúde, que substitui a Agência de Regulação e Supervisão dos Produtos Farmacêuticos e alimentares, responsável pela regulação do mercado.

Constânça de Pina

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