A Enapor reagiu às críticas de um grupo de trabalhadores eventuais do terminal de carga do Porto da Praia e negou qualquer interesse em discriminar seja quem for, tendo salientado, em comunicado, que o processo de recrutamento de novos auxiliares de serviços gerais está ancorado em critérios objectivos, designadamente a avaliação comportamental. A empresa, que foi acusada literalmente de fazer os contratos com base no “amiguismo e preferências políticas”, lembrou que, à semelhança de outros estivadores não inscritos, os da Cargo Village são requisitados para realizar tarefas relacionadas com a movimentação de cargas nos armazéns e navios, mediante o sistema de chamadas em regime avulso, diário e rotativo. Uma chamada que, avança, visa suprir a falta de efectivos ou para fazer face a situações de sazonalidade e picos de actividade.
“A situação dos estivadores suplementares da Cargo Village é debatida há vários anos com os nossos parceiros sociais e desde 2021 que a empresa iniciou um processo de regularização, permitindo a criação de mais 40 postos de trabalho e resolver reivindicações antigas”, informa a Enapor. A administração portuária acrescenta que importa realçar que a prática de chamadas avulsas, “comum em todas as estruturas da empresa”, tem a devida cobertura nos regulamentos específicos. Deste modo, a actividade dos referidos trabalhadores é equiparada à de um prestador de serviço, em relação aos quais apenas responde pela sua retribuição e correspondentes encargos fiscais.
Posto isto, a empresa afirma que o processo de recrutamento dos trabalhadores alocados ao Terminal de Carga do Porto da Praia – e que foi motivo de contestação – foi transparente e obedeceu aos critérios. A empresa refuta, deste modo, as acusações e assegura que as chamadas diárias para o referido terminal vão continuar, apesar da contratação feita.
Ontem, um grupo de 30 trabalhadores manifestou o seu descontentamento pela forma como foi feito o recrutamento de mão-de-obra para o terminal de carga do Porto da Praia. Em declarações à TCV, esses estivadores afirmam que ficaram de fora prestadores de serviço com mais de 20 anos de actividade, para dar lugar a pessoal sem experiência. “Escolheram as suas pessoas que têm padrinhos e nós ficamos para trás. E temos estado a cumprir os contratos em conformidade”, comenta um dos inconformados, enquanto outro deixou claro que levantaram da cama às 6 da manhã porque querem uma vida digna. E lembrou que durante a pandemia foi esse grupo que trabalhou das onze da noite às sete da manhã para desovar porões, com apenas 17 minutos de descanso, para agora a Enapor escolher “familiares ou apoiantes de campanha eleitoral” para os lugares que ocupavam.