O Vindos do Oriente pretende fazer um assalto de carnaval com pelo menos mil foliões no dia 4 de Março à noite, véspera do desfile official, com saída antes ou depois do grupo Samba Tropical. Há uma semana que esse grémio formulou o pedido de autorização à Câmara Municipal de S. Vicente, enquanto entidade responsável pelos desfiles de animação, mas até hoje ainda não recebeu qualquer resposta da autarquia. Mesmo assim, a direcção do VO continua a trabalhar o seu plano, que inclui animação com um trio eléctrico, que irá interpretar a música “Superstar na Bollywood”, da dupla de compositores Jotacê e Anísio.
Os ensaios, segundo Cely Freitas, irão decorrer no mês de Fevereiro, apenas aos sábados e domingos na praça Dom Luís e no parque de estacionamento da Enapor, na Avenida Marginal. “Quando anunciamos a nossa retirada do desfile oficial muitos dos nossos foliões solidarizaram-se com a direcção do grupo, mas ao mesmo tempo ficaram tristes porque queriam ver o Vindos do Oriente de novo no asfalto. Deste modo decidimos organizar este assalto, que é aberto a todos aqueles que quiserem sair connosco”, explica essa dirigente do VO.
Tratando-se de um assalto, o grupo não pretende sair com nenhum carro alegórico. Apenas com a “vibe” dos foliões. “Queremos fazer algo bem organizado, como é do timbre do grupo. Haverá camisolas para identificar os membros, mas é normal que o povo queira integrar esse momento de folia”, acrescenta Lily Freitas, a presidente do Vindos do Oriente, que promete uma festa de arromba na noite que antecede o grande desfile oficial. Aliás, o grupo programou um baile de máscara para o dia 16 de Fevereiro nos seus estaleiros na Enapor para cerca de 2000 pessoas.
A saída do Vindos do Oriente na tradicional “noite do Samba” promete, entretanto, suscitar a sua dose de polémica. Há quem veja isso como uma “provocação” do grupo, uma forma de tirar foco e brilho ao Samba Tropical, na senda dos problemas com a LIGOC-SV e que ditou o autoafastamento dos bicampeões do concurso do dia 5 de Março. Mas, para Lily Freitas, o Carnaval é uma manifestação cultural popular, pelo que ninguém pode augurar tratamentos de exclusividade. Além disso, prossegue, esse assalto irá levar mais folia ao centro da cidade do Mindelo, pelo que, para o grupo, sair antes ou depois do Samba não faz a menor diferença.
“Segunda à noite é do Mindelo e não de este ou aquele grupo, embora estejamos cientes de que o Samba tem sido o único grupo a sair nesse dia durante todos estes anos. Mas, e se por ventura decidirmos ficar a sair na segunda à noite e exigir os mesmos privilégios?!”, exclama Lily Freitas, que deixou claro, no entanto, que o VO não pediu e nem vai pedir financiamento para o assalto. Por outro lado, faz questão de clarificar que a LIGOC-SV não tem nada a dizer sobre este assunto porque foi credenciada para organizar apenas o desfile dos grupos oficiais, o que não é o caso.
O Mindelinsite tentou saber a posição do Samba Tropical sobre a pretensão do Vindos do Oriente, mas foi impossível chegar à conversa com Daia Leite, por se encontrar fora do país. No entanto, uma outra fonte desse grupo deixou perceber que a saída do VO em nada vai prejudicar o show que o Samba pretende levar para o asfalto do Mindelo.
Kim-Zé Brito