A pandemia da Covid-19 é a inspiração central de “Terra Sagrada”, um single da autoria do músico cabo-verdiano Tony Fortes e que está disponível no youtube desde o dia 30 de janeiro. Com uma melodia suave, a música, segundo o compositor, foi fruto de um desafio lançado por um amigo no passado mês de marco, quando as notícias do novo coronavírus começaram a invadir os jornais a nível planetário. Nessa altura, recorda Tony Fortes, havia ainda muita especulação sobre o risco que o vírus representava e quase toda a gente estava em confinamento.
“Imperava o drama nos noticiários e isso activou a vibração do medo nas pessoas. Decidi não me deixar levar pela energia do medo e era importante também repassar essa atitude. Uma coisa é a precaução, outra é o medo”, diz o autor, que preferiu retratar o “outro lado” da pandemia: o abrandamento do nível de poluição no planeta, a recuperação da água da Veneza, a reprodução dos peixes nos mares, passarinhos cantando sentados nas janelas das casas, um novo despertar da consciência humana para o sentido da vida…
Inicialmente, Tony Fortes fez a composição para ele próprio. Na altura estava doente, “já com um pé do outro lado”, e teve que passar por algumas cirurgias. “Mas, um amigo disse-me que precisava partilhar essa música porque a sua mensagem poderia ajudar outras pessoas”, conta.
Boa parte da letra, revela o autor, foi captada durante sessões de meditação, que passou a fazer com frequência depois da cirurgia. Fortes acaba por se agarrar à força do “eu sou”, duas palavras que emanam a essência da energia no universo.
“Há cada vez mais gente procurando a meditação ou a prática do Yoga para encontrarem o seu equilíbrio emocional”, frisa o compositor, para quem a pandemia veio lembrar a humanidade que vivemos numa mesma casa, o planeta Terra, onde respiramos o mesmo ar. É mais uma oportunidade, diz, para o homem praticar a solidariedade e o respeito pela natureza. Mesmo assim, diz, o egoismo continua a perdurar, algo que, na sua opinião, pode ser visto no facto de os países ricos estarem a açambarcar as vacinas.
Tony Fortes diz que vivenciou a pandemia em dois prismas: o primeiro tem a ver com o impacto provocado pelos media, que, diz, fizeram uma abordagem que propagou no mundo a vibração do medo. A segunda foi a abordagem espiritual, o chamado despertar da consciência da humanidade, mensagem que, lembra, tem vindo a ser lançada há anos.
Há pelo menos vinte anos que Tony Fortes vem compondo. Por isso já tem na gaveta algumas melodias que pretende gravar aos poucos e depois fazer uma compilação em CD. São músicas de diversos estilos, que abrangem coladeira, san jôn, reggae e até canções infantis.