O artista plástico Sota está a fazer uma exposição-venda no restaurante Nautilus com obras a metade do preço para ver se consegue driblar a crise financeira que o assolou desde março passado, com a chegada da Covid-19 a Cabo Verde. Segundo Sota, há um ano e meio que não vende um único quadro e já foi trabalhar inclusivamente na estiva para poder matar a fome aos filhos.
“Pouca gente vai acreditar, mas é a mais pura verdade. Fui tirar um dia de trabalho para ganhar um mil escudos e escapar os meus filhos da fome. E se me chamarem, vou de novo porque não tenho medo de trabalhar ”, afirma este artesão profissional, que passou a enfrentar a pior crise da sua carreira profissional desde que foi declarado o estado de emergência em Cabo Verde devido a pandemia.
Até hoje, diz, não conseguiu vender um único quadro, ele que vive da arte. “Estou vivendo momentos difíceis, sou um artesão conhecido em Cabo Verde e ainda não recebi um único apoio do Ministério da Cultura. Eu aceitaria até uma cesta básica, sem pudor nenhum”, explana Sota, que, tal como toda a gente, foi apanhado de surpresa com o impacto da pandemia.
Sem duvidar daquilo que vinha à frente, investiu mais de 2 mil contos em materiais, dinheiro este que agora lhe faz muita falta. “Se pudesse imaginar o que estava por vir guardava esse dinheiro. Agora é tarde”, admite.
Disposto a driblar a crise, o artista aceitou um convite do restaurante Nautilus, no Clube Náutico do Mindelo, para expor a sua obra. Para poder estimular a compra dos seus trabalhos, decidiu baixar os preços à volta de cinquenta por cento. Batiques que vendia a 3.000 escudos custam agora 1.500, outras obras que costumava vender por 20 contos agora são dez.
Sota tem mais de 30 quadros disponíveis para venda até o dia 30 de junho e convida a todos a visitarem o espaço e se possível que comprem uma obra.