O artista plástico Ró d’Interart voltou a chamar a atenção das autoridades e dos mindelenses para a eminente derrocada de toda a estrutura do monumento “Poss” na Avenida Marginal e mostrou-se indignado com a pichagem do pedestal da estátua do navegador português Diogo Afonso, na rua da Praia dos Botes.
O artista plástico António Cruz, mais conhecido por Ró d’Interart, voltou a alertar para o sério risco de a cidade do Mindelo perder a qualquer instante o monumento “Poss”, situado na Avenida Marginal e dedicado aos aviadores lusos Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Segundo este escultor, a estabilidade da base da estrutura – feita em pedra – e a da própria escultura da águia colocada no seu topo está cada dia mais comprometida e não descarta a possibilidade de esse património histórico sofrer uma derrocada. Ró aponta para uma das asas da águia, que pode desprender-se e provocar acidentes com alguma gravidade.
“A base desta obra é feita de barro, com pedras encrustadas. Este monumento tem sofrido os efeitos da trepidação dos carros e atrelados pesados que circulam por esta rotunda. Além disso as pessoas costumam subir nas pedras, que servem como uma escadaria, nomeadamente por altura do Carnaval para assistirem aos desfiles”, relata.
Ró lembra que em meados de 2019 foi iniciado um estudo de conservação desse monumento, a pedido do Instituto do Património Cultural. Na altura foi convidado pelo IPC para apresentar uma proposta de recuperação do monumento, que já mostrava várias fissuras. Ró informa que fez uma primeira inspeção superficial da obra, acompanhado do director do IPC e de um engenheiro e foi fácil constatar a presença das muitas fissuras. Para ele ficou claro que o trabalho de resgate do monumento iria exigir muito esforço e perícia, devido a sua fragilidade.
Segundo Ró, o caso parece ter caído em esquecimento, o que para ele é preocupante. “Estamos na eminência de perder um dos ex-libris da cidade do Mindelo, sem contar com o perigo que representa para quem circula por esta rotunda”, alerta o artista mindelense.
No entanto, essa não é a única obra que clama por atenção, segundo o artista. Ró afirma que vários outros monumentos precisam ser conservados, entre os quais a estátua do navegador Diogo Afonso, erigida na Praia dos Botes. Feita em bronze, a obra tem vindo a sofrer os efeitos da maresia. “O próprio pedestal precisa de ser recuperado”, assinala.
Porém, no caso particular deste monumento, Ró Cruz mostrou-se indignado com a pichagem da sua base com escritos feitos à tinta. “Isto, para mim, é um acto de puro vandalismo. Para quê vir escrever este tipo de mensagem num monumento?”, questiona o artista, enfatizando que não se pode apagar a história, ainda mais dessa forma.