Páscoa no Paul: Cruzeiros do Norte evita desfilar na cidade das Pombas para não incomodar comunidade religiosa

O Cruzeiros do Norte vai levar uma caravana de “apenas” 85 elementos para as festas da Páscoa no Paul, mas, segundo a dirigente Maria José, o grupo não irá desfilar na avenida principal da cidade das Pombas para evitar o reacender do conflito ocorrido no ano passado com a comunidade religiosa por causa do Carnaval. Como recorda, o desfile de Monte Sossego, que juntou uma multidão, acabou por incomodar em parte a celebração religiosa, pelo que a direcção do Cruzeiros do Norte tomou a precaução de se reunir com a Igreja e assegurar que tudo irá decorrer na paz. “Sabemos que tudo acaba por acontecer nessa avenida e devemos conciliar as coisas. De qualquer modo, lembramos à Igreja que fizeram desfiles em S. Vicente e que muita gente gostou. Portanto, não se pode pensar que o Carnaval e a religião tenham que ser antagónicos”, comenta a directora dos desfiles do Cruzeiros do Norte.

No Paul, a caravana do Cruzeiros, que não contempla batucada, vai participar no Sábado num show de palco do cantor Anísio Rodrigues e tem agendado dois workshops sobre Carnaval com grupos locais. Inicialmente, o Cruzeiros pretendia levar 150 elementos para Santo Antão, mas foi obrigado a reduzir a comitiva devido aos problemas de ligação marítima existentes neste momento, relacionados com o acidente do ferryboat Liberdadi e a retirada de circulação do navio Mar d’Canal.

Mesmo assim, Maria José acredita no sucesso da iniciativa. Para ela, o intercâmbio entre os grupos carnavalescos de São Vicente com os de outras paragens é um importante canal de intercâmbio cultural. Aliás, o Cruzeiros do Norte, diz, vai participar este ano em três eventos fora da ilha de S. Vicente. “O nosso Carnaval não está a mudar a sua essência, mas sim a evoluir”, frisa.

Esta é a segunda edição das festas da Páscoa no Paul organizadas pelo grupo Sei Entertainment. Além da procissão religiosa, o programa destaca eventos culturais, provas desportivas e recreativas, como por exemplo o “quebra coco”, que é uma brincadeira pascal que tem caído em desuso. Está prevista ainda uma feira tradicional. A expectativa da organização é provocar uma forte movimentação de pessoas de S. Vicente para Santo Antão e estimular a economia da ilha das montanhas, em particular a do Paul, tal como aconteceu no ano passado.

Kim-Zé Brito

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