Um grupo de doze entidades norte-americanas vai participar no desfile do Samba Tropical, com destaque para a presença do mayor da cidade de Pawtucket. A comitiva inclui ainda dois senadores, deputados e membros influentes de algumas instituições, que aceitaram o convite da direção do Samba Tropical para virem conhecer a festa do Carnaval mindelense.
Segundo David “Daia” Leite, a delegação deve desembarcar no aeroporto Cesária Évora no dia 9 de fevereiro, ou seja, cerca de 72 horas antes do desfile noturno no sambódromo da Cidade do Mindelo. “Tivemos esta iniciativa porque no ano passado fomos lançar o enredo do Samba nos Estados Unidos, onde abrimos uma delegação e temos como nossa representante a Romana Ramos, que é membro da direção do Samba Tropical. E todos conhecem a forte ligação que a nossa escola tem com a emigração cabo-verdiana, nomeadamente nos Estados Unidos”, revela Daia Leite, que se mostra satisfeito com a aceitação do convite.
A primeira intenção foi ver como a Câmara de Pawtucket poderia colaborar com o projecto de aquisição da sede do Samba Tropical e com o engrandecimento do próprio Carnaval do Mindelo. A resposta do mayor Donald R. Grebien acabou por surpreender ao dizer que o primeiro apoio seria a sua própria presença no desfile deste ano.
Grebien e os restantes membros da comitiva vão ser integrados na ala dos emigrantes dos Estados Unidos. Durante a estadia em S. Vicente vão poder conhecer os bastidores do Carnaval do Mindelo, com visitas programadas aos estaleiros de construção de andores, ateliers de costura e quadras de ensaio. Além disso, o Samba Tropical espera que a delegação seja recebida pelo Presidente da Câmara de S. Vicente e possa rubricar um protocolo de apoio com o mayor de Pawtucket. “O mayor tem algumas informações sobre o nosso Carnaval, que é conhecido como o melhor da África. Agora ele poderá constatar isto no terreno”, prognostica Daia Leite.
Orçado em 10.500 contos, o show do Samba Tropical vai envolver 1.200 foliões e desta vez o grupo aposta em 3 carros alegóricos: dois principais e um abre-alas. Esta será uma inovação, mas, para desagrado do presidente do grémio, o grupo está a enfrentar várias dificuldades nos preparativos. Aliás, Daia Leite afirma que este é o ano mais difícil que enfrentou para preparar o desfile desde que está na direção do Samba. “Não tenho memória de ter iniciado a preparação do desfile com tantos constrangimentos. Mas, a nossa escola tem um nome a preservar e honrar pelo que vamos fazer de tudo para cumprirmos o nosso grande compromisso com a ilha de S. Vicente”, promete.
Daia especifica que, a menos de um mês do desfile, já só recebeu um apoio da CMSV equivalente a 20% do orçamento do projecto do Samba e até agora não sentiu nenhum sinal do Ministério da Cultura e da própria direção executiva da Ligoc – Liga dos Grupos Oficiais do Carnaval de S. Vicente. Nos anos anteriores, diz, por esta altura já tinham recebido pedidos de apresentação dos projectos e orçamentos e saberiam o que contar. “Posso dizer que estamos às escuras neste momento”, conclui.
Problemas à parte, o responsável do Samba Tropical ficou agradado com a presença dos foliões e do público na quadra de ensaios ontem à noite. Nesse primeiro dia dos ensaios estiveram presentes a Porta-bandeira e Mestre-sala, passistas e a rainha da bateria, que começaram a aquecer a máquina ao ritmo do hino e da batucada.