O guitarrista Vamar Martins apresentou ontem no palco da Alaim, em S. Vicente, as seis músicas tocadas em jeito de improviso que constituem o EP intitulado “Inkrustod”. Para enriquecer esse momento, o artista acabou por compor uma Morna/Jazz com o título do álbum, que foi interpretada por Mayra Vezo, acompanhada pelo coro Voz d’Alma.
“Gostei muito do momento de apresentação de Inkrustod, que é uma palavra praticamente em desuso, mas que significa uma ligação forte. Por exemplo, costumávamos dizer que uma lapa está incrustada numa pedra”, explica Vamar. O músico acrescenta que escolheu essa expressão porque descreve a relação com o estilo musical que mais o identifica: Kriol/Jazz, que mistura a música cabo-verdiana com o Jazz.
Apesar de ser filho de um mais conceituados instrumentistas cabo-verdianos, Vamar Martins revela que nunca o seu pai ensinou-lhe um acorde. O jovem guitarrista assume que tem influência directa e indirecta de Vasco Martins, mas, frisa, aprendeu a tocar longe dos olhos desse gigante da música internacional, cujas músicas são interpretadas por grandes orquestras.
“Muita gente pensa que aprendi a tocar com o meu pai, mas ele ficou a saber que eu tocava pela boca de outras pessoas. Ele nunca pegou um instrumento para ensinar-me a fazer uma nota”, revela Vamar Martins. Este guitarrista confessa que o seu pai lhe ofereceu uma guitarra quando tinha 15 anos e, em vez de começar a praticar, resolveu trocar o instrumento por uma prancha de bodyboard, o que revela o seu desapego pela música durante a sua adolescência.
Seria por volta dos 19 anos que Vamar Martins começou a mergulhar no mundo das sonoridades musicais, mas, por ironia, usando os instrumentos dos amigos. Seria apenas em 2018, quando regressou da França, que ele e Vasco Martins teriam a oportunidade de tocar juntos, após ser convidado para acompanhar o pai no palco do festival da Baía das Gatas. Mais tarde seria convidado para fazer um trio com Vasco e Voginha.
“Inkrustod” é o segundo álbum lançado no mercado por Vamar Martins e surge vinte anos após o primeiro. Para este trabalho teve de escolher seis músicas entre mais de uma centena de composições da sua autoria.
