Pracinha de Liceu Bedje recebe nos dias 3 e 4 de agosto a XI edição do Mindel Summer Jazz em homenagem a Alex “Xand” da Silva, mas com uma programação alargada durante uma semana. O propósito é valorizar a cidade do Mindelo com fusão de jazz entre artistas nacionais e estrangeiros, mostrando a faceta da globalização e criatividade deste festival, que continua a trazer anualmente grandes nome do jazz mundial para São Vicente, graças a uma intrincada rede de amizade que acaba por ‘baratear’. A ambição agora é conseguir granjear o apoio do Fundo do Turismo, uma luta que dura há dois anos, mas que Xazé acredita estar prestes a concretizar.
Em nome da organização, Alexandre ‘Xazé’ Novais justificou a opção de fazer este tributo a Xand da Silva que foi, em vida, um amigo deste festival, ‘mnine’ de S. Vicente e amante do jazz. “Através desta homenagem queremos valorizar a cidade do Mindelo. Xand é, do nosso ponto de vista, um dos artistas contemporâneos da nossa geração dos mais globais, criativo e dotado de um grande inconformismo. Estas três caraterísticas nos identifica a todos e também Mindelo, que cresceu à volta do Porto Grande, pela sua dimensão global e também por seu inconformismo. Continuamos a acreditar”, sublinhou.
Hoje parte integrante da programação da Câmara de São Vicente para o verão, Xazé destacou os parceiros que, ao longo destas XI edições estiveram sempre com o MSJ, designadamente a edilidade, que é responsável pela internacionalização do festival. Igualmente do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, enquanto patrocinador institucional e financeiro. “A nossa programação não se limita aos dois dias de palco principal. Temos outras atividades que permite-nos trazer a alma morna jazz para a cidade do Mindelo, com uma programação alargada durante toda a semana”, assegurou.
Em termos concretos, prossegue, a orquestra ‘Sab Sabim’ ganha um palco maior nesta edição. Xazé justifica dizendo que este é um projecto com muitos anos e que carece de mais visibilidade. “Teremos a Alta Lua Jazz Connection, que é o pôr-do-sol no Pontão, com Kira Soul Projec e uma banca de músicos locais. Esta é sempre uma ocasião para dar aos músicos oportunidades de interagir com este tipo de sonoridade. Este ano não iremos ter nenhuma atuação pura de grupo cabo-verdianos. Teremos, como sempre, uma grande participação de músicos nacionais, sempre em fusão com artistas internacionais.”
A apresentação da programa do palco principal esteve a cargo de Vou Monteiro, que destacou a credibilidade que o evento vem granjeando junto dos habituais parceiros e empresas e novos, como a ADS Group que nos últimos dois anos têm apoiado a organização na vinda de artistas do continente. Assim, para o dia 3 está previsto vários momentos de fusão entre artistas nacionais e estrangeiros: Lulo Reinhart Fusion Project feita Bau e Voginha (Alemanha/Cabo Verde); Munir Hossn-Temperado (Brasil/USA). Dia 4, Vamar Martins Project feat Karamo (Cabo Verde/ Senegal), Pret&Bronk feat Jessica Bongos & Bakare Opeyemi (Cabo Verde/Nigéria) e, para encerrar, Maestro Ivan Melon (Cuba).
Sobre este particular, Vou Monteiro lembrou uma declaração feita pelo baixista Richard Bona, que afirmou aqui que os artistas cabo-verdianos têm muito talento e que, infelizmente, os internacionais têm mais impacto porque pisam vários palcos. “É por isso que queremos que haja esta troca de experiência. Foi por isso que lançamos um desafios aos artistas nacionais de, num primeiro momento de quinta-feira, dia em que temos um grande guitarrista alemão, Lulo Reinhart, que vai atuar com Bau e Voginha. Eles vão apresentar a nossa música, a morna, que tem uma margem grande de improviso do jazz.”
Do lado da Câmara de São Vicente, o presidente Augusto Neves parabenizou a organização pelo ‘sacrifício’ feito anualmente para trazer este grande momento do jazz para a ilha. Sem esta vontade, afirmou, era impossível fazer algum evento na ilha. “Ainda temos alguns teimosos que querem mostrar que S. Vicente tem um grande valor e a CMSV é sempre uma parceira e uma amiga. Queremos trazer coisas novas e Summer Jazz engrandece a ilha. E nós aproveitamos e abraçamos estes momentos”, referiu, prometendo continuar a fazer o possível para que estes eventos continuam a ser realizados.
Lamentou, no entanto, que sejam sempre as mesmas empresas a apoiar, abraçar e apadrinhar estes eventos, numa ilha onde existem muitas outras que ignoram. “Enquanto CMSV, temos as nossas responsabilidades e dificuldades, mas abraçamos todas as actividades culturais. É neste sentido que apoiamos com força este grande projecto de São Vicente e que visa engrandecer esta ilha. É uma promoção enorme porque os artistas levam parte da nossa cultura ao interagirem com os nossos.”