Onze turistas da ilha francesa de Córsega vieram passar o Carnaval em S. Vicente com o objectivo de ver, participar e aprender a tocar os ritmos da batucada mindelense. Durante os dez de estadia na cidade do Mindelo, os membros do grupo A Banda Etnica percorreram os locais de ensaio, viram os mandingas e culminaram o seu programa com uma formação de três dias com o maestro Mick Lima. Segundo Buresi Michel, o resultado foi o esperado tendo em conta o tempo disponível para aprenderem os ritmos.
“Diria que foi relativamente fácil aprender aquilo que o maestro Mick Lima nos ensinou porque ele é competente e muito paciente”, comenta Michel, cujo grupo já teve experiências com a percussão do Brasil, mas, para ele, a batucada do Mindelo é “top”. “A vossa batucada é muito rica e diversificada. É o meu primeiro contacto com estes ritmos e posso dizer que temos muito a aprender convosco”, frisa.
Segundo Michel, a Córsega celebra a festa do Carnaval, mas nada que se compara com a do Mindelo. “Somos ainda muito pequenos em comparação com o vosso Carnaval.” Como explica, nessa ilha francesa, as pessoas costumam sair à rua fantasiadas e ao ritmo da música, mas a grande diferença é que lá não há dançarinos. Além disso, esse evento não envolve tanta gente como em S. Vicente, apesar de se tratar de uma ilha praticamente com a área de Cabo Verde, muito rica em água e vegetação.
O grupo ficou a saber do Carnaval de S. Vicente a partir do relato da esposa de Michel, que viu a festa em 2018. Os membros de A Banda Etnica decidiram poupar o dinheiro arrecadado dos espectáculos na França e passar o Entrudo em Cabo Verde. Uma vez em S. Vicente, mostraram interesse em aprender a tocar os ritmos carnavalescos e foram encaminhados para o professor Mick Lima.
A formação foi uma experiência nova para Mick Lima, algo que o deixou entusiasmado. Para ele é estimulante o interesse demonstrado pelos franceses, sinal que o Carnaval de S. Vicente anda a percorrer o mundo e é bem falado. “Devido ao tempo disponível, aprenderam a tocar os ritmos dos mandingas, kuduro, samba-regae e o ritmo galope”, revela o maestro. Os “alunos”, acrescenta, aprenderam os toques com facilidade, apesar de serem principiantes.
No workshop, Mick Lima usou os instrumentos surdo, repinique, caixa, chocalho e tamborim. “Tenho feito formações, mas esta é a primeira vez com um grupo de turistas. Foi algo interessante e decidimos culminar com uma cachupada aqui na praia da Lajinha”, informa Mick, que já está a pensar em aproveitar a experiência e criar um projecto específico para ensino da percussão do Carnaval a turistas.
Kim-Zé Brito