A 7ª edição do Festival Oiá, um dos mais prestigiados eventos de cinema do país, vai acontecer de 11 a 20 de outubro, na cidade do Mindelo, e terá cerca de 40 títulos distribuídos em oito mostras. Orçado em 16 mil contos, o festival promete, uma vez mais, celebrar a diversidade da sétima arte, destacando tanto cineastas consagrados, quanto talentos emergentes nacionais e internacionais. Além disso, presta uma homenagem especial ao consagrado cineasta Joel Zito Araújo, atualmente uma referência do cinema negro a nível mundial por sua persistência, coragem e arte.
Na apresentação do evento, o diretor e mentor do festival, Tambla Almeida destacou o facto de Cabo Verde acompanhar a dinâmica, a nível criativo, em termos de cinema, com resultados concretos em eventos internacionais, onde vários cineastas têm sido premiados. Mostrou-se igualmente satisfeito com a homenagem ao cineasta Joel Zito. ‘Estamos também satisfeitos por podermos ter uma mostra de cinema infantil de grande categoria, com cerca de 20 filmes diferentes, muitos deles direcionados para aquilo que chamamos de formação didática de novos públicos e também por termos títulos de diferentes países, sobretudo do continente africano e do Brasil’, detalhou, sobre este particular a homenagem ao cineasta Joel Zito pela afirmação da comunidade negra no mundo do cinema.
‘O cineasta tem tido também uma relação particular com Cabo Verde. Mesmo assim entendemos que, pelo conjunto da sua obra, mas também porque vai estar muito próximo de nós aqui, inclusive em momentos de formação como o que vai acontecer durante o festival, é pertinente este reconhecimento, sendo que vai trazer um pouco da sua arte e cinema para o arquipélago “, reforçou.
Segundo Tambla Almeida, conheceu o trabalho de Joel Zito no inicio dos anos 2000, através do Centro Carioca de Cinema Zózimo Bulbul, que despontou como ator no Cinema Novo no Brasil e que, insatisfeito com a condição reservada aos negros nas telas, decidiu escrever e dirigir seus próprios filmes. ‘Joel Zito tem participado em alguns projectos em Cabo Verde, mas é a primeira vez que vai estar no Festival Oiá. Temos também a presença dos seus filmes na nossa programação’, acrescentou.
Relativamente a outras actividades que constam da programação do festival, Tambla Almeida destaca sobretudo as muitas capacitações, entre os quais um workshop de cinema africano sob a responsabilidade de Joel Zito, formações para filmes de 1 minuto e para edição de vídeos. Outra novidade é a criação de um laboratório de comunicação, em parceria com a universidade de Cabo Verde, denominada TV Oiá, oportunidade para os alunos exercitarem, testarem e experimentarem.
Trazer o público para salas de cinema
De fora fica o festival nas comunidades, não obstante estas continuarem a ser a base do trabalho do Oiá. Trata-se de uma decisão pensada que visa trazer o público para as salas de cinema, na cidade, começando com a mostra de cinema infantil, envolvendo as escolas – professores e alunos -, as universidades, sendo que neste caso os trabalhos começaram durante a semana académica e contou com a participação de todos os estabelecimentos sediados no Mindelo, e ainda cinema na meio d’mar.
‘Conseguimos também com a mostra ‘Lugar de mulher é no cinema’ trazer vários filmes produzidos por mulheres, em parceria com o Brasil. Esperamos trazer mais público feminino, colegas da área de comunicação, estudantes e pessoas de convivência para fazer um programa de cinema, sobretudo porque a entrada é gratuita, o que raramente acontece nos festivais de cinema.’
Em termos de programação, o director técnico do Festival Oiá, Sandro Fonseca, promete uma programação recheada com cerca de 40 títulos, distribuídos por oito mostra, com uma seleção de filmes de diversos países, de entre eles Cabo Verde, Brasil, Senegal, Gana, Angola, Nigéria, Mostra infantil, Lugar de Mulher é no cinema. Estarão presentes os diretores emergentes como Yuri Ceunink, Ery Claver, Samira Vera-Cruz, Artemisa Ferreira e Maguette. Paralelamente, a programação abre-se às outras artes, com destaque para a exposição Luz d’ Zona, da fotógrafa Queila Fernandes.
Tambla Almeida aproveitou para apelar ao novo ministro da Cultura para ter uma visão mais estratégica das políticas para o sector de cinema e de audiovisual, tendo em conta a sua força na comunicação, nas redes sociais, na publicidade, na internet, em suma, em todo o que entra imagens. Concretamente, entende o promotor deste festival que esta classe já demanda uma carteira profissional, que vai conferir mais segurança aos profissionais em termos de carreira, projecção interna e externa, entre outros.