Humbertona, uma das maiores referências do solo do violão cabo-verdiano, faleceu pelas 5 horas da madrugada no hospital Baptista de Sousa aos 83 anos de idade. Segundo a sobrinha Cláudia Bettencourt, o conhecido artista estava doente e em tratamento de hemodiálise, tendo sofrido uma paragem cardíaca ontem. Acabou por falecer esta madrugada.
Reformado, Humberto Bettencourt estava doente havia 10 anos. Segundo a sobrinha, ela esteve bastante mal na cidade da Praia e foi trazido para S. Vicente pela família. “Aqui foi como que saltar da cova para a vida. Ele encontrou um novo estilo de vida, reencontrou amigos e músicos, tendo inclusivamente tocado com Bau, coisa que ele não fazia havia muito tempo. Ele passou a dar as suas voltas e costumava escutar música no restaurante Prassa 3”, revela Cláudia Bettencourt, que descreve Humbertona como uma pessoa típica, amável, calma, que adorava uma paródia.
Em nota, o Ministério da Cultura informa que tomou conhecimento do passamento do artista com enorme sentimento de pesar. “Cabo Verde e a cultura estão de luto. Humbertona, para além de diplomata reconhecido e gestor, também foi uma das maiores referências do violão cabo-verdiano”, frisa o MCIC, salientando que ele foi um apaixonado pela música tradicional cabo-verdiana que deu um rico contributo à Morna – Património Cultural Imaterial da Humanidade com a sua maestria, virtuosidade e paixão.
A revista Nós Genti descreve o malogrado como um solista de excelência, possuidor de um virtuosismo nato na execução e ao qual impõe um estilo característico e diferenciador. Refere que, na história da Morna cabo-verdiana, para sempre ficarão na memória de todos temas como Sodade, Dispidida ou Miss Perfumado. “Mas nem só de música é feita a carreira deste notável cabo-verdiano. De embaixador, a chefe de missão junto das Nações Unidas, Humbertona foi ainda membro da delegação responsável pelas negociações com Portugal dos termos e acordos para a Independência Nacional“, frisa a publicação, relembrando que Humbertona foi PCA da CV Telecom durante mais de dez anos e foi cônsul honorário da Holanda e Bélgica, consultor e membro da comissão de honra da candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade.
O funeral ainda não tem data marcada, pois, segundo Cláudia Bettencourt, a família está a aguardar a chegada de algumas pessoas para o efeito.
O Mindelinsite expressa à família e a todos os cabo-verdianos o seu sentimento de condolência.
