O grupo Estrela do Mar já tem carta branca da Ligoc para sair no desfile oficial do Carnaval 2019 em pé de igualdade com os outros concorrentes, tal como sempre foi o seu propósito. A confirmação foi feita ao Mindelinsite há momentos tanto por Papi Tavares, vice-presidente desse grémio, como por Marco Bento, presidente da direcção da Liga Independente dos Grupos de Carnaval de S. Vicente. Segundo Bento, a Ligoc decidiu aceitar a participação do EdM no concurso oficial tendo por base um parecer favorável do Conselho Deliberativo, um órgão integrado pelos presidentes dos grupos fundadores dessa entidade.
“Agimos em conformidade com essa comunicação interna. Entretanto, estamos a aguardar um parecer jurídico sobre o enquadramento do Estrela do Mar na Liga enquanto sócio benemérito, que é uma categoria que se destina a grupos ou personalidades individuais que deram um incontestável contributo para o nosso Carnaval, como é o caso em apreço. Ainda não temos em mãos esse parecer, mas em nada vai contrariar o desfile do Estrela do Mar”, assegura Marco Bento.
Segundo Bento, essa solução nada tem a ver com a ausência do Vindos do Oriente no desfile do próximo ano, decisão anunciada pela direcção do chamado “grupo de dona Lily” após uma forte polémica instalada com a Liga sobre vários aspectos, inclusivo a mudança do percurso do desfile. Ou seja, o Estrela do Mar, enfatiza o responsável da Ligoc, não vai preencher esse vazio, mas sim contribuir para manter a qualidade técnica alcançada pelo Carnaval do Mindelo. Nesse sentido, vai concorrer para os prémios, tal como Monte Sossego, Flores do Mindelo e Cruzeiros do Norte.
Para Papi Tavares, um dos dirigentes do EdM que travou uma dura batalha com a Ligoc para assegurar a presença do grupo no concurso deste ano, a notícia, que chega a exactos dois meses do desfile, era há muito aguardada. “Agora, sim, podemos começar a voar”, reagiu o vice-presidente do EdM. A seu ver, o grupo já pode preparar com toda a segurança o projecto alegórico que vai levar ao sambódromo do Mindelo este ano, com o claro objectivo de entrar para ganhar.
Quando já só faltam dois meses, o EdM vai ter de encetar uma corrida contra o tempo. Durante alguns meses esteve envolto numa inquietante indecisão, mas, para Tavares, agora é preparar os próximos passos com máxima urgência. É que, além do arranque dos ensaios e da montagem dos estaleiros, o Estrela do Mar vai fazer a apresentação pública do enredo. Até este momento reina algum secretismo, mas é seguro que o tema irá versar a protecção do ambiente marinho. Além disso a direcção planeia levar algo grandioso para a rua de Lisboa para assinalar condignamente os 45 anos de vida desse grémio carnavalesco. O projecto está orçado em mais de sete mil contos e, diz Tavares, vai respeitar o regulamento do concurso.
Os preparativos para o Carnaval 2019 já entraram em velocidade cruzeiro, segundo Marco Bento, e nos próximos 20 dias será efetuado o sorteio de saída dos 4 grupos oficiais. A Liga, prossegue esse empresário, está neste momento a estudar alguns detalhes do percurso, a colocação das bancadas, as garantias de segurança e a negociar a transmissão televisiva do evento. Segundo Bento, está decidido que não haverá uma segunda passagem pela rua de Lisboa, o que implica a dispersão dos grupos na Avenida Marginal. É certo, no entanto, que o troço junto à pensão Chave d’Ouro será usado para o recuo das batucadas. Outro ponto de recuo será o parque de estacionamento junto à Caixa Económica, no último terço da trajectória dos grupos antes de entrarem na Marginal.
Na perspectiva de Marco Bento, todos os grupos, incluindo o Estrela do Mar, vão apresentar projectos à altura das exigências do Carnaval d’Soncent. Aliás, alguns desses grémios aproveitaram a visita técnica ao Rio de Janeiro no passado mês de Dezembro para adquirir produtos e materiais diversos que, na sua opinião, vão melhorar a qualidade dos seus projectos. “Nessa visita técnica, os carnavalescos, costureiras, artistas plásticos visitaram as quadras e os estaleiros, mas também estabeleceram contactos com empresas de fabrico de instrumentos e acessórios. Foi uma experiência muito proveitosa porque ficamos com contactos directos com as empresas e entidades. Isso vai facilitar a vida aos grupos e à Ligoc”, entende Bento, que ainda não tem garantias do financiamento do sistema sonoro pelo Afreximbank. Por esta razão ainda não sabe precisar como será assegurada a distribuição do som ao longo do trajecto. De todo o modo promete analisar essa questão com outras entidades e ver se a Ligoc consegue resolver aquele que é ainda o calcanhar-de-Aquiles do Carnaval d’Soncent.
Kim-Zé Brito