A música do carnaval de verão deste ano foi escrita por Anisio Rodrigues João Carlos Silva (Jotacê) e Dudu Nobre, como forma de imprimir maior união entre os grupos carnavalescos de São Vicente. Nobre garantiu que está satisfeito com esta parceria com estes dois compositores nacionais, que poderá resultar em uma maior aceitação entre os grupos e a população, tendo em conta as experiências dos dois anos anteriores.
“No primeiro ano cantamos uma música famosa no Brasil, mas que aqui não era tão conhecida. No segundo traduzimos para o crioulo do Olelele, Olala, um samba mundialmente conhecido. Mas queríamos algo que adequasse ao carnaval mindelense e que proporcionasse uma maior aceitação por parte dos grupos, sem impor a música apenas de um dos grêmios”, explica Nobre.
Segundo conta, expos a o seu desejo de fazer uma música ao Anísio Rodrigues e Jotacê, que de pronto aceitaram. Surgiu a ideia de compor o tema “Ê LÓD DALI, Ê LÓD DALÁ, com o JC, depois de algumas orientações em crioulo, tendo como pano de fundo o intercâmbio com Cabo Verde.
Este ano, nos workshops, vão ser ministrados técnicas de construção de carros alegóricos e fantasias aos profissionais que trabalham mais nestas áreas. Nos anos anteriores focaram-se mais na questão da dança e na rítmica. Manteve-se a dança, mas dentro da necessidade que constataram no carnaval em Sao Vicente, montaram os workshops mais específicos.
Dudu conta que, por ter estado em contacto com a autarquia de São Vicente e com os grupos carnavalescos, conhece as suas dificuldades, pelo que os cursos foram montados para responder as demandas. As melhorias, promete, serão visíveis no próximo carnaval de Fevereiro.
Para já, diz notar alguma diferença em relação aos carnavais passados, designadamente no andamento da bateria, que diz ser muito acelerado e que tornava os desfiles mais cansativos. “Agora está mais lento, o que facilita o canto e a dança do espetáculo”. Ao mesmo tempo sente que, a cada ano, há mais união entre os grupos e que o carnaval tem vindo a tornar-se num enorme produto. Também acredita que “carnaval de verão tem ganho grande importância na parte turística da ilha”, pontua, realçando que esta parceria entre Brasil e Cabo Verde está sendo de aprendizagem para ambos.
Da parte da Câmara Municipal de São Vicente, a vereadora Solange Neves informa que as aulas de ferragem e alegorias serão ministradas na FIC. Já os workshops decorrerão no Liceu Ludjero Lima e nos Salesianos.
Solange concorda com Dudu Nobre, que esse contacto com a experiência do Brasil, tem melhorado o carnaval em São Vicente e diz que a CM vai continuar a apostar nesta área. Esta não adianta, no entanto, o montante que será gasto neste carnaval de verão.
Já Licinha Nobre, irmã de Dudu Nobre, que no ano passado manifestou vontade em adquirir a nacionalidade cabo-verdiana, por descendência, fez toda a sua apresentação em crioulo. Assegurou que o intuito deste intercâmbio entre os dois povos é de transmitir ideias, sem comprometer a essência deste carnaval, pela qual diz-se apaixonada.
“Nos ê apaixonod pa carnaval de Soncente, pa sê desfile maravilhosa, pa sê animação espontânea, energia, ek te arrasta multidão. Des gente criativa, moda Kakoi, ke Deus tem, um figura ke aoje te da nome a um prémio de carnaval de animação. Um cosa ke talvez nô devia leva pa carnaval de Brasil tambê”, afirmou esta porta-bandeira, mostrando que já aprendeu a língua.
A experiência em Cabo Verde, de acordo com esta jovem, tem levado com que prestem muito mais atenção ao que se passa ao que se passa dentro do país. Destaca o empoderamento de “amdjer” Cabo-verdiana, da qual diz ter o orgulho de ser descendente, que tem atuado por todos os sectores da sociedade. Realça o papel destas no carnaval, que levam mais brilho, beleza, sensualidade, como também suor, sangue e lagrimas.
Sidneia Newton (Estagiária)