Carnaval 2025: Governo está pronto para liberar a segunda tranche aos grupos, mediante justificativos 

O Governo está pronto para disponibilizar a segunda tranche da verba atribuída aos grupos de Carnaval de S. Vicente a partir desta quinta-feira, se estes conseguirem justificar, a tempo e horas, o montante já recebido. A garantia foi dada pelo Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto “Gugas” Veiga, que destacou a qualidade do trabalho apresentado pelas agremiações, ainda que feito em condições precárias. “É um milagre aquilo que vimos nos dois dias de Carnaval em São Vicente”. 

O governante reagia, no término dos desfiles oficiais de terça-feira, às reivindicações dos grupos, que se queixaram da entrega tardia do patrocínio, o que acabou por condicionar os trabalhos dos mesmos. “Temos de repor a verdade. Fizemos a entrega da primeira tranche em novembro do ano passado. Cada grupo recebeu, na altura 300 contos, para iniciar os trabalhos. Depois entregamos os 50% da verba atribuída pelo governo neste ano orçamental, que começou no dia 21 de janeiro. Em menos de 10 dias já tínhamos os 600 contos, que foram disponibilizados no final de janeiro e início de fevereiro.”

Segundo Gugas Veiga, os grupos não receberam os restantes 50% porque ainda não justificaram aquilo que receberam. “Pelo contrato que temos com a Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval – Ligoc, os grupos têm de justificar os 50% da primeira tranche e só depois receberem a verba restante. Estamos prontos para pagar o valor devido esta quinta-feira, se justificarem a tempo e horas. É preciso ser sério”, afirmou. Este aproveitou para lembrar que o ano orçamental começa na terceira semana de janeiro, pelo que só nesta altura o Ministério da Cultura tem a sua verba disponível. 

Entretanto, antecipando a repetição dos problemas, o ministro explica que o Governo já conseguiu mobilizar, para finais de agosto ou início de setembro, os 50% para o Carnaval de 2026. Os restantes 50% serão disponibilizados em janeiro do próximo ano. “Assim vamos melhorar o desempenho dos grupos porque podem comprar os materiais mais cedo, mais baratos e preparar-se melhor.” 

Gugas Veiga realça, no entanto, que, devido ao seu crescimento, o Carnaval de S. Vicente enfrenta muitos desafios. Neste sentido, em concertação com os presidentes  da Câmara de São Vicente e da Ligoc decidiram realizar, em finais de julho ou início de agosto deste ano, um fórum para pensar o Carnaval, designadamente a nível da organização financeira dos grupos, sob pena das queixas se repetirem. “Temos de procurar soluções em conjunto. Mas, repito, não é justo dizer que o patrocínio do Governo não chegou a tempo. Não corresponde à verdade”, reforçou. 

Sambódromo e estaleiros

Questionado sobre a questão do sambódromo, tendo em conta que as ruas de moradas estão cada vez mais apertadas e as pessoas reivindicam assistir o Carnaval em melhores condições, a tutela indicou que esta parte tem mais a ver com a Câmara de São Vicente. Mostrou-se contudo aberto para conversar com a edilidade, a Ligoc e os grupos sobre o assunto. Lembrou que já existem algumas soluções, citando a título de exemplo, a possibilidade de se construir um sambódromo fora da cidade, mas que muitas pessoas discordam. Outra proposta é aproveitar a Avenida Marginal, sendo que, para isso, será preciso retirar o canteiro central e fazer os desfiles da Praça D. Luís até a praia da Lajinha. 

“Sei que há pessoas que também rejeitam esta solução. É por isso que vamos ter de conversar para procurar a melhor solução. Todos nós estamos a ver que o Carnaval está a crescer e os grupos continuam a reivindicar melhores condições. Hoje temos bancadas para o público e todo o dinheiro arrecadado vai para as agremiações. Portanto, temos de encontrar a melhor solução, tendo em conta o financiamento desta festa, sem que ela deixe de ser do povo.”  

O mesmo cenário se coloca em relação aos estaleiros, uma reivindicação antiga dos grupos carnavalescos. Gugas Veiga voltou a reafirmar que é uma questão sob a alçada da CMSV. Diz que já tinha sido identificado um espaço para a sua construção, que não saiu do papel devido as dificuldades de funcionamento da autarquia no último mandato. Acredita, no entanto, que, se houver vontade política, é possível procurar soluções e avançar. “É muito importante os grupos terem espaços próprios para montarem os seus andores. Este ano visitamos todos os estaleiros e sabemos as condições precárias com que trabalham. É um milagre aquilo que apresentaram hoje na Cidade do Mindelo.” 

Relativamente aos desfiles, o Ministro da Cultura garante que foi um grande espetáculo porque todos os grupos se apresentaram com muita qualidade. “Na segunda-feira assisti ao desfile dos professores e gostei muito porque foi feito com base na reciclagem e mostrou que é possível fazer um bom carnaval com muito pouco. Também a Escola de Samba Tropical, mesmo com o atraso devido aos problemas que teve, fez um bom desfile”, considera o governante, para quem nesses dois dias deu para apreciar grandes obras de arte, andores com muita qualidade, indumentárias bonitas e muita cor.

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