Os canteiros que servem de separadores na chamada rua pedonal foram retirados esta manhã por ordem do vereador Anilton Andrade, suportado pelos colegas da UCID e do PAICV, que constituem a oposição na Câmara de S. Vicente. Segundo Andrade, esta medida foi tomada porque, enquanto membros da vereação desconhecem o projecto que suporta a criação dessa área no centro da cidade do Mindelo e porque os canteiros estavam a obstruir a via de circulação rodoviária na rua Sena Barcelos, no coração da cidade do Mindelo.
“Deparamos com uma rua obstruída e pedimos ontem esclarecimentos ao presidente da Câmara numa sessão e não houve qualquer resposta. Solicitamos dados sobre o projecto e o parecer técnico e nada”, diz Anilton Andrade, que não sabe, deste modo, quem aprovou o projecto, sendo certo, segundo o mesmo, que o documento não foi apresentado e nem discutido entre os nove vereadores que constituem a vereação da autarquia.
Sem essas informações disponíveis, diz Andrade, enquanto vereador responsável pelos pelouros da segurança rodoviária e da defesa dos consumidores, achou por bem remover esses obstáculos do meio da rua por uma questão de segurança. Entretanto, coloca a hipótese de os canteiros voltarem a ser colocados desde que ele e os colegas venham a obter esclarecimentos sobre o projecto e que este seja do interesse público. É que, enfatiza, uma decisão dessas não pode ser tomada de forma unilateral por nenhum vereador, incluindo o presidente da câmara.
Questionado sobre a sua reação caso o presidente Augusto Neves der ordem para a reposição dos canteiros, Anilton Andrade deixou claro, primeiro, que não se está perante mais um braço-de-ferro dentro da autarquia. Em segundo lugar diz que, a acontecer, Augusto Neves teria que respeitar os trâmites legais porque ninguém está acima da lei. Andrade reforça que o projecto tem de ser do conhecimento de todos os vereadores e que a sua aprovação exige parecer da Comissão de Toponímia e até da Associação Nacional dos Municípios.
Esta reação dos vereadores da oposição surge numa altura em que chovem críticas nas redes sociais sobre o projecto, que já foi chamado de vários nomes. Muita gente partilhou imagens no Facebook dos canteiros colocados no meio da via e que pareciam apontar para um alargamento do espaço de atendimento público de esplanadas e restaurantes situados nessa rua. Por esta razão houve quem questionou se essa iniciativa é para beneficiar a cidade ou a um grupo privado.
Questionado se agiu devido a essas críticas, Anilton Andrade admitiu que a opinião pública é uma métrica a ser tida em conta. “Na verdade, a rede social é uma métrica e é um espaço onde podemos saber a opinião dos munícipes. Só nos pronunciamos agora porque nunca tivemos informação oficial e não podíamos agir de forma oficiosa. Só ontem na sessão da câmara levantamos questões sobre a pedonal e não houve nenhuma resposta“, esclarece Andrade.