Os cabo-verdianos estão revoltados com o custo dos bilhetes de passagens nas rotas domésticas, em especial nas viagens para São Nicolau, via Santiago ou Sal. No entanto, a Binter Cabo Verde responsabiliza a Agência de Aviação Civil pelos valores dos bilhetes de passagens aéreas para quaisquer ilhas já que, afirma, os preços são regulados por esta agência, que determina as tarifas máximas praticadas. A Directora comercial da companhia aérea, que respondia a um conjunto de questões formuladas pelo Mindelinsite e que resultam de várias críticas e comentários feitos por clientes, desafia as alegadas “vítimas” a consultarem as suas tarifas no Boletim Oficial.
Para Marina Ferreira, a Binter Cabo Verde cumpre à risca a determinação da reguladora do sector e oferece voos para as ilhas com valores regulados. “Há a possibilidade dos passageiros efectuarem uma viagem com parada em outras ilhas e, neste caso, com as regras das tarifas utilizadas. Esta possibilidade dá a vantagem de poderem ficar na ilha intermediária pelo período que pretenderem, poderem efectuar alterações e também solicitarem reembolso”, explica esta responsável, quando confrontada com as reclamações dos utentes sobre o custo dos voos para S. Nicolau e Boa Vista a partir de S. Vicente, pois é voz corrente que uma passagem aérea nestas rotas custam em torno de 40 mil escudos.
Vários clientes da transportadora dizem que são obrigados a fazer paragens em Santiago ou Sal, o que acarreta despesas com o pernoite em hotéis e transporte nestas ilhas. E, para complicar, dizem, o custo da passagem é agravado por causa das escalas a que são obrigados. Sobre este particular, a Directora Comercial da Binter diz que, se os clientes estão insatisfeitos, devem confrontar o Governo. “Da parte da Binter CV não estamos a ser favorecidos. Ninguém paga 40 mil escudos numa viagem para São Nicolau. Não temos trajecto directo para este destino, pelo que a passagem aérea São Vicente-São Nicolau é via Sal ou Santiago. Pode ser feita de duas formas: a primeira São Vicente-Praia-São Nicolau, ou então São Vicente- Sal -São Nicolau. O custo é 13.900 escudos”, garante.
O preço só aumenta, diz Marina Ferreira, se os passageiros optarem por fazer duas paragens, isto é, São Vicente-Praia, depois Praia-Sal, e só depois Sal-São Nicolau é que pagam um valor superior. “Se um passageiro fizer três paragens vai pagar mais. Mas isso acontece em qualquer parte do mundo. Podem consultar o website e confirmar o que estou a dizer. Qualquer passagem São Vicente-São Nicolau, via Sal ou Santiago, custa 13.900 escudos”, reforça, acrescentando que fazer mais ou menos paragens é sempre uma opção dos próprios passageiros.
Mais voos no verão
Relativamente à preocupação, sobretudo dos emigrantes, que se queixam de dificuldades para comprar passagens aéreas para prosseguirem viagem para as restantes ilhas a partir do hub no Sal ou de Santiago, a Binter garante que está a trabalhar na possibilidade de aumentar ligações no verão para todas as ilhas, à semelhança do que aconteceu no ano passado, e também em períodos de maior procura. “Mas há uma série de factores que temos de levar em conta de forma a que a oferta não fique condicionada e que possamos manter a programação que divulgarmos para a época alta. Estamos a programar mais voos para S. Nicolau desde Santiago, Sal e com possibilidade de poder efectuar também a partir de São Vicente”, avisa.
Quanto à limitação no transporte de bagagem a um volume de porão, Marina explica que a frota da Binter é constituída por três ATRs 72/500, que são aviões que podem aterrar nas ilhas com aeródromos, caso de S. Filipe, Maio e S. Nicolau. Se por um lado é uma vantagem, por outro leva a uma limitação do porão porquanto o seu tamanho não permite transportar grandes quantidades de bagagem. “No ano passado tivemos constrangimentos devido ao elevado número de bagagens que ficavam para trás, já que os passageiros que vêm de voos internacionais, em aviões de grande porte, trazem muitos volumes de porão, que não conseguimos transportar na sua totalidade nos nossos aviões. Para evitar as questões causadas por bagagens que não chegam ao seu destino, limitamos a aceitação a um volume por passageiro, de forma a que todos possam receber suas bagagens no destino.”
Instado a comentar a afirmação de alguns utentes de que a Binter CV está a ser beneficiada em detrimento dos cabo-verdianos, a direcção comercial desta companhia aérea opta por dizer que é “uma empresa cabo-verdiana, constituída na sua maioria por colaboradores cabo-verdianos”. Mais: é uma empresa que tem promovido o desenvolvimento do país, com ligações regulares e altos níveis de pontualidade.
Vai mais longe ao afirmar que, desde que a empresa começou a operar, tem adoptado uma política tarifária que proporcionou a muitos cabo-verdianos viajar pela primeira vez, nomeadamente com promoções como a “Bintaço” e com um aumento notório no número de passageiros que se deslocavam entre as ilhas. Marina Ferreira acredita que será possível desenvolver a comunicação entre as ilhas e favorecer os cabo-verdianos com a manutenção de um mercado que possibilita uma diversidade de tarifas.
Constânça de Pina