A UCID acusou hoje a Emprofac de estar a fazer negócios com as máscaras, nomeadamente as cirúrgicas e comunitárias, que estão a ser vendidas a preços excessivos impostos por aquela empresa publica que quer ter o monopólio do mercado. O deputado nacional João Luís fez esta constatação numa conferencia de imprensa proferida hoje no Mindelo para fazer o balanço das jornadas parlamentares do seu partido e a antevisão da sessão plenária de junho que arranca esta quarta-feira.
De acordo com este eleito nacional democrata-cristão, a Emprofac, com esta atitude puramente mercantilista, está a intrometer no preço destes equipamentos essenciais para a saúde pública, quando devia deixar a ERIS – Entidade Reguladora Independente da Saúde fazer o seu trabalho. “As máscaras cirúrgicas que custavam 15 escudos antes da pandemia, agora são vendidas por 105 escudos. Estamos a falar de um aumento de cerca de 700%, valor que consideramos exorbitante para uma população em que cerca de 35% era considerada muito pobre antes da pandemia e que agora está mais fragilizada em termos económicos”, exemplifica.
Perante esta situação, João Luís não tem dúvidas de que a Emprofac está a aproveitar-se da pandemia. Na mesma lógica, este deputado diz não ser razoável a empresa comprar uma máscara comunitária nos ateliês por 170 escudos e vender por 230. “Não faz sentido. A Emprofac devia, enquanto empresa pública, promover e criar as condições para que estes artesães e ateliês possam fazer a venda directa. Isto porque, do nosso ponto de vista, esta empresa está a prejudicar os cabo-verdianos com esta atitude que repudiamos. Já tínhamos falado sobre isso e vamos continuar a bater porque a máscara é, nesta altura, um equipamento essencial e a ERIS devia actuar a bem da população”, acrescentou, socorrendo do ditado “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, na expectativa de um volte-face.
Apatia dos demais partidos
Mas o silencio dos demais partidos com assento parlamentar – MpD e PAICV – também preocupa a UCID, que justifica esta apatia com a máxima que diz que quando um está a governar, este não pode prejudicar aquele que está na oposição e vice-versa. “Quem está a ser prejudicada é a população e não queremos isso. Sabemos que a UCID, sozinha, não consegue fazer as coisas acontecerem de forma rápida. Mas temos fé que as coisas venham a mudar para que possamos ter um equilíbrio de forças, principalmente no Parlamento, que possa levar a defesa acérrima do interesse da Nação e dos cabo-verdianos”, assevera João Luís, que aproveitou também para questionar a formatação do Parlamento que inviabiliza uma dinâmica de execução das preocupação dos cidadãos que são debatidos com o PM.
Sobre as jornadas parlamentares da UCID, este refere a visita que os deputados efetuaram a São Vicente e Santo Antão onde constataram uma série de problemas que, diz este eleito nacional, merecem a atenção do Governo e dos poderes locais. No caso de S. Antão, cita a falta de agua para agricultura e criação de gado, sobretudo nas regiões rurais do norte e leste da ilha, o desabamento de tectos de habitação, falta de emprego, dificuldade de acesso à RTC. Denunciou ainda os trabalhadores do MDR com décadas de trabalho com rendimentos inferiores ao Salário Mínimo Nacional. Já em S. Vicente, diz, persistem o desemprego, acrescido com a dispensa dos trabalhadores de empresas em Lay-off, a problemática dos transportes de mercadorias entre estas duas ilhas, a estrada de acesso da Ribeira de Vinha e a Lixeira Municipal, ambos em banho-maria, entre outros.
Já relativamente a sessão parlamentar do mês de Junho, segundo Luís, a UCID indicou o ministro da Saúde para ser sabatinado pelos deputados e elencou uma serie de questões, com destaque para a falta de um aparelho de TAC e ressonância magnética no Hospital Baptista de Sousa, tendo em conta o termino do contrato com a empresa Monte Cara. Por causa desta situação, afirma, os pacientes estão desesperados, o que o leva a questionar também a transferencia de verbas insuficientes para o HBS, com implicações directas na definição das prioridades, dos exames internos e externos. “O INPS insiste em não fazer acordos com clinicas privadas para os seus utentes, permitindo que seja injuriados nos hospitais e não poderem fazer os seus exames de diagnostico onde efectivamente pretendem”.
A estes juntam-se outras preocupações que a UCID pretende levar ao Parlamente nesta sessão em que se vai interpelar o Governo sobre a Habitação, sob proposta do PAICV. Segue-se a aprovação de quatro propostas de leis, entre elas a que estabelece as normas e os princípios pelos quais se rege a Central de Registos de Créditos e a que estabelece os princípios e critérios da acção do Estado na dinamização, protecção e incentivo à produção, distribuição e divulgação da arte do cinema e da actividade cinematográfica produzida em território nacional.