A tripulação do navio Sotavento recusou determinadamente transportar quatro passageiros provenientes de Santiago e que deveriam fazer uma viagem na noite de ontem para São Vicente, no quadro do programa do Governo “Regresso à casa” para pessoas surpreendidas pelas declaração do Estado de Emergência fora da sua ilha de residência. Ao que conseguimos apurar, apesar de todos terem realizado teste PCR com resultados negativos, estes marítimos alegam que estiveram pelo menos dois dias em quarentena não vigiada na Capital, onde o vírus está activo. O navio, que devia zarpar as 21h, antecipou a partida para as 19h, mas os passageiros ficaram em terra. “É um risco que ninguém estava disposto a correr”, afirmaram.
A viagem do navio Sotavento tem como destino final a ilha de São Vicente, com escala para recolha de passageiros no Sal e em São Nicolau. Por solicitação do Serviço Nacional de Protecção Civil, deveria trazer para São Vicente estas quatro pessoas, que se encontram retidas na Capital há várias semanas, após terem “perdido” o voo da Binter de sexta-feira, alegadamente devido a demora na liberação dos resultados dos exames laboratoriais feitos na véspera.
A Cabo Verde InterIlhas terá dado permissão para os passageiros embarcarem, inclusive estes adquiriram os bilhetes de passagem. Mas toda a tripulação do navio Sotavento foi contra, inclusive chegaram a ameaçar suspender a viagem. Este impasse acabou por ser desfeito, após o comandante da embarcação se posicionar do lado dos passageiros. “Num navio quem manda é o comandante, que considerou o argumento da sua tripulação válida, sobretudo depois do que aconteceu com a embarcação Praia d’ Aguada no Fogo. Por menos, o navio ficou retido e toda a tripulação, incluindo mais três contactos, tiveram de cumprir um período de quarentena em Santiago”, conta uma fonte ao Mindelinsite.
O navio, que deveria zarpar as 21 horas, antecipou a sua partida para as 19 horas, apenas com carga. Entretanto, deveria cumprir a sua programação, isto é, fazer escalas nos portos da Palmeira, no Sal, e do Tarrafal de São Nicolau para recolher passageiros e cargas. Mas há quem veja esta medida dos tripulantes como uma espécie de “retaliação” devido ao que aconteceu na ilha do Fogo. O comandante da embarcação foi impedido de desembarcar no Porto de Vale dos Cavaleiros na passada quarta-feira e o navio ficou retido, alegadamente por ter tido contacto social em Santiago, antes de seguir viagem para aquela ilha.
O comandante do navio Praia d’ Aguada terá embarcado sem fazer o teste para o novo coronavírus, exigido pelo Instituto Marítimo e Portuário. A delegada de Saúde da ilha do vulcão alegou “motivos de segurança” para interditar a saída da tripulação, afirmando que este viajou sem autorização e sem teste prévio, o que representava um risco para a saúde pública. A CV InterIlhas deverá emitir ainda hoje um comunicado sobre esta situação.