O director do aeroporto Cesária Évora deu instruções ao seu advogado para intentar ainda hoje uma queixa-crime contra Armando Gonçalves por calúnia, tendo por base as acusações feitas contra a sua pessoa por esse ex-funcionário da ASA numa notícia veiculada pela Rádio de Cabo Verde. Este processo irá juntar-se a outro que Teófilo Figueiredo deu seguimento tendo por alvo a mesma pessoa em Outubro de 2018 também por calúnia e ameaça de morte à sua pessoa e família.
Segundo Figueiredo, desde que Gonçalves foi destituído de um cargo de chefia intermédia, que exercia em comissão de serviço, começou a desenvolver um ódio à sua pessoa, que parece agora não ter limites. “Tentou o sr. Armando Gonçalves de todas as formas intimidar-me e, assim procurar uma reversão da situação, de modo a que ele pudesse ser reconduzido às funções. Escusado será dizer que não conseguiu”, afirma o director da infraestrutura aeroportuária de S. Vicente, cargo que exerce há um ano.
Em conferência de imprensa, Teófilo Figueiredo desafiou o ex-técnico da ASA a sair do abstrato das acusações sobre actos de corrupção alegadamente praticados por ele e o administrador Nuno Santos e trazer a público factos concretos, sobretudo as provas que diz ter e que evidenciam as ilegalidades. No entanto, em relação a esse aspecto, Figueiredo diz-se tranquilo. “As imputações são todas, sem excepção, falsas e sem fundamentos. Nunca pratiquei qualquer ilegalidade, sejas as referidas pelo sr. Armando Gonçalves, sejam outras”, afirma o gestor, para quem as denúncias atingiram de forma grave o seu bom nome e dignidade.
Segundo Figueiredo, o alegado delator acusa-o de traficar influência, mas sem dizer quando, onde e em que circunstância. “Enfim, ele não se coíbe de mentir e de caluniar conscientemente porque, ao contrário do que ele diz, não lhe interessa a verdade ou a transparência”, entende Figueiredo, esclarecendo que nunca assinou um único contrato comercial, neste um ano em que está como responsável do aeroporto Cesária Évora, pelo simples facto de esta competência estar reservada ao Conselho de Administração.
Para Figueiredo, aquilo que move Armando Gonçalves é pura e simplesmente um acto de vingança contra ele e outras pessoas que, no entendimento dele, tiveram influência na decisão no término da sua função de Chefe do Departamento de Manutenção em Junho do ano passado, para a qual foi nomeado em comissão de serviço. Como diz, desde essa data que começou a ameaçar os seus alvos, nomeadamente através de emails e mensagens enviadas por Messenger. As ameaças, prossegue Figueiredo, foram direccionadas tanto para a sua pessoa como para membros da sua família, pelo que deu entrada a uma queixa-crime contra Gonçalves no ano passado. Hoje, na sequência de uma entrevista que o ex-funcionário da ASA concedeu à Rádio de Cabo Verde, voltou a dar instruções ao advogado para enviar um segundo processo ao tribunal, por calúnia.
ASA pondera processar Gonçalves
A própria Administração da ASA está também a ponderar partir para um ou mais processos judiciais, após avaliar os danos causados à empresa pelas alegadas atitude de Armando Gonçalves. Num comunicado de imprensa, o Conselho de Administração da ASA realça que Gonçalves manifestou a sua intenção de perturbar o funcionamento do aeroporto de S. Vicente, quando ainda era trabalhador da empresa. Na sequência desse comportamento, a ASA instaurou-lhe um processo disciplinar.
Em Outubro de 2018, diz o documento, Gonçalves formulou um pedido escrito a solicitar a sua desvinculação da ASA para, segundo ele, abraçar desafios mais atractivos e aliciantes. O pedido foi aceite e chegaram a acordo de rescisão do contrato de trabalho, que foi assinado a 26 de Outubro desse ano. Só que, conforme a empresa, o ex-funcionário iniciou um processo de chantagem, ameaçando divulgar documentos e manchar o nome dos responsáveis, caso a instituição não assinasse com ele um contrato de prestação de serviço à volta de 600 contos mensais. A chantagem, acrescenta essa nota, visou o próprio Presidente do CA, com a ameaça de divulgação de conversas gravadas sem consentimento.
Kim-Zé Brito