O movimento Sokols decidiu esta manhã demarcar-se da manifestação nacional programada para o dia 13 de Janeiro por um grupo de sindicatos. Após anunciar o reforço do protesto a partir de S. Vicente, o Sokols anunciou esta manhã que foi obrigado a retirar esse apoio devido a um desentendimento com a direcção da União dos Sindicatos de S. Vicente. Segundo Salvador Mascarenhas, o pomo da discórdia tem a ver com o facto de a USV ter feito uma mudança numa passagem de um texto conjunto e que desagradou o Sokols.
“A nossa proposta era que se fizesse referência à forma como os sucessivos governos têm vindo a tratar a classe trabalhadora. Mas os sindicatos resolveram retirar a palavra ‘sucessivos’ e focar a crítica no actual Governo. Para nós era fundamental dar uma prova inequívoca de isenção e não apenas nos discursos”, explica Mascarenhas, para quem esse acto pode ser entendido como uma colagem à oposição. Este acrescenta que o Sokols conquistou um certo crédito de força independente pelo que não pode arriscar ver o seu esforço manchado por esse tipo de dúvidas.
Abordado pelo Mindelinsite, o sindicalista Tomás Aquino rebate a leitura do Sokols, que acusa o movimento cívico de ter tentado impor aos sindicatos a sua filosofia. Este lembra que os sindicatos fizeram manifestações em 2012 e 2014 durante o governo do PAICV, além de greves, o que para ele prova a independência política da USV. “Temos agora de focar em quem está no poder, que é o actual governo. Hoje temos um novo governo é a ele que temos de pedir contas pelos compromissos assumidos”, reage esse membro da direcção da União dos Sindicatos de S. Vicente, enfatizando que a sua organização segue os seus próprios valores.
Segundo Aquino, a USV tomou a iniciativa de convidar o Sokols a integrar a manifestação tendo por base um caderno reivindicativo preparado pelos sindicatos, porque gostaria de unir nessa causa todas as forças vivas da sociedade mindelense. Apesar da saída tempestiva do Sokols espera uma boa adesão dos manifestantes. Até porque, diz, a mobilização continua a decorrer normalmente no terreno. Hoje de manhã, acrescenta, houve uma assembleia e entrega dos materiais de campanha.
Abordado sobre a manifestação agendada pela UNTC-CS para 11 de Janeiro, dois dias antes e praticamente com o mesmo propósito, Tomás de Aquino prefere apelidar essa iniciativa da central sindical de “contra-manifestação”. Para ele está claro que o grande objectivo da UNTC-CS é tentar “esvaziar” a iniciativa da USV por causa das conhecidas desavenças internas que opõem as duas partes.
Kim-Zé Brito