A contratação de novos pilotos para a frota de Boeing 757-200 da CV Airlines, que passaram alegadamente a beneficiar de condições salariais privilegiadas em relação aos profissionais mais experientes, ameaça fervilhar o ambiente laboral na companhia aérea de bandeira. Para já, o Sindicato Nacional de Pilotos da Aviação Civil (SNPAC) endereçou uma carta a Erlendur Svavarsson Senior a solicitar a intervenção imediata do vice-presidente da Loftleidir Icelandic antes que o caso ganhe proporções mais críticas. É que, conforme fonte deste jornal, o SNPAC não descarta a possibilidade de convocar uma greve, estando neste momento a aguardar um parecer jurídico para o efeito, tal é o nível de descontentamento. Entretanto, Paulo Lima, presidente do referido sindicato, nega que esse cenário esteja neste momento sobre a mesa, advertindo que a prioridade do SNPAC é resolver o conflito internamente.
Lima confirma, no entanto, que a tensão tem a ver com um concurso interno realizado em Outubro para a selecção de 22 candidatos para formação/qualificação de Comandante para os aviões de longo curso da CV Airlines. O problema, como vem explícita na carta, é que o sindicato detectou algumas incongruências entre o anúncio e o regulamento do processo de admissão e acesso à função de Comandante, chamou atenção da direcção da transportadora aérea para esses pontos, mas a situação não foi regularizada. O aspecto fulcral, como se depreende do documento, é que o processo, tal como estava elaborado, favorecia sobremaneira os candidatos em detrimento dos pilotos da “casa”. Só que, diz a carta, o sindicato não foi tido nem achado, quando, conforme decorre do Regulamento do concurso, “a fixação das condições e respectivos requisitos, da competência da CVA, carece do parecer prévio do SNPAC”.
A missiva enfatiza que a 18 de Outubro, e mediante entrega ao Accountable Maneger de um documento, o SNPAC apontou e apelou à ponderação e reparo dos aspectos que considerava pertinentes e que, em persistindo, favoreciam o pessoal recém-contratado em relação aos mais antigos. “Apesar de toda a manifestação de abertura e interesse do SNPAC, recorrendo aos responsáveis para fazer valer a sua vez e voz, até a presente data, infelizmente, verifica-se um certo descaso por parte da Empresa, através dos respectivos responsáveis para com o sindicato”, frisa o SNPAC na mensagem remetida ao gestor islandês, deixando antever que o problema terá o seu epicentro na postura do vice-Presidente da CV Airlines.
Como ilustra o sindicato dos pilotos, apesar das chamadas de atenção sobre o concurso, o vice-Presidente da companhia aérea “persistiu e persiste” em manter os requisitos exigidos, “passando por cima da Direcção dos Recursos Humanos e sem consulta prévia ao SNPAC”. Adianta o SNPAC, esse responsável da CVA alega que esses requisitos são “meramente preferenciais” e que se mostra necessário neste momento a contratação dos novos pilotos. Isto tendo em conta, por um lado, o posicionamento e o salário auferidos pelos mesmos na Europa, onde se encontravam, e, por outro, atender à viabilização do aumento da frota e das rotas da empresa. Deste modo, entende o vice-Presidente, conforme esse sindicato, que os novos contratados devem entrar na empresa logo na primeira linha, isto é, no último escalão (Esc. H).
Só que, na prática, essa medida implica, de acordo com o SNPAC, que passarão a auferir um vencimento acima dos pilotos mais experientes com a mesma categoria. Um quadro que, adverte o sindicato, está a gerar uma situação de injustiça, descontentamento e desmotivação junto dos pilotos, o que “em nada abona a classe e a companhia aérea”.
Claramente insatisfeito com a situação, o sindicato adverte que é preciso ser levado em conta que, após o resultado final do processo de avaliação dos candidatos ao referido concurso, o escalonamento dos novos pilotos deve ser processado com base na antiguidade de serviço. Porém, tudo indica que nada disso surtiu efeito. É que, conforme Paulo Lima, os novos pilotos foram contratados e já estão no activo há mais de um mês.
Este reconhece que há um desconforto, em parte devido ao comportamento do vice-Presidente da CVA, mas frisa que o primeiro objectivo do sindicato é dialogar com a empresa e resolver o problema internamente. Por enquanto, salientou, está fora de questão convocar uma greve dos pilotos. Esclarecido esse ponto, Paulo Lima evitou avançar com mais comentários sobre o caso, deixando claro que qualquer informação comunicada à imprensa só será feita após concertação com os seus pares.
A classe dos pilotos reconhece na carta que a situação na empresa registou melhorias, almeja que as coisas continuem a evoluir nesse sentido e mostra–se disposta a colaborar com a CVA. Salienta, porém, que discorda da forma como determinados assuntos andam a ser tratados na companhia, com medidas que favorecem uns em detrimento de outros, mormente dos potenciais piloto da casa. Por esta razão, o sindicato decidiu apelar à intervenção de Erlendur ES. Svavarsson para que faça “valer a ordem, o respeito e a consideração” pelos pilotos.
O Mindelinsite decidiu avançar com esta notícia sem entrar em contacto com a CVA, o que promete fazer a seguir para ouvir o posicionamento da companhia aérea de bandeira sobre essa situação.