O HBS deixou de ser um hospital de referência no sistema da saúde em Cabo Verde, com sinais evidentes de retrocesso na qualidade dos serviços prestados à população de S. Vicente, denunciou esta manhã o deputado João do Carmo, eleito pela lista do PAICV. Neste momento, salienta, há falta de médicos, de especialistas em determinadas áreas, de enfermeiros e técnicos de laboratórios e constata-se uma enorme dificuldade na marcação de análises. Quem consegue uma marcação, acrescenta, espera em média três meses para receber o resultado.
Uma das grandes carências enfrentadas pelo HBS, frisa esse deputado acompanhado da colega Josina Freitas, é um aparelho de TAC. Pelos dados que recolheu durante uma vista de preparação do debate sobre o estado da Saúde em Cabo Verde com o ministro da tutela, os exames de tomografia continuam a ser efectuados em S. Vicente com base numa parceria pública-privada, que acaba por beneficiar claramente o sistema privado.
“O TAC é um serviço básico para um hospital do calibre de o de S. Vicente. Fomos claros com a direcção ao defendermos a necessidade de ter o seu próprio aparelho. Não podemos continuar a dependermos da prestação do serviço privado, que até há pouco tempo facilitava duas consultas por mês e que agora oferece sete mensais depois que o contrato foi renovado”, critica João do Carmo. Este lembrou o caso de uma criança que precisou de um TAC urgente e foi preciso a sociedade civil fazer uma república para financiar esse exame, quando os governos andam sistematicamente a propalar a defesa dos direitos das crianças.
Um outro ponto negativo apurado pelos deputados eleitos por S. Vicente tem a ver com as dificuldades que o próprio pessoal da saúde e os reformados enfrentam para terem acesso à marcação de consultas. O PAICV, segundo esse deputado, entende que essa “indelicadeza” pode provocar a desmotivação no seio dos profissionais, quando estes devem estar de plena saúde para poderem trabalhar em prol da saúde pública.
“Com o encerramento da enfermaria de tuberculose, que antes funcionava muito bem e dava uma grande contribuição no controlo da doença, hoje faz-se o acompanhamento dos doentes em casa, quando sabemos que muita gente vive em más condições”, acrescenta mais este caso à lista dos problemas enfrentados pela saúde pública na cidade do Mindelo.
Para o PAICV fica claro que o serviço da saúde retrocedeu em S. Vicente. No entanto, João do Carmo dá nota positiva ao governo e aos profissionais da área pela elevada taxa de vacinação contra a Covid-19 na ilha. Enfatiza que foram ministradas 99.426 doses de vacinas, a taxa de cobertura da população elegível é de 87,9% com a primeira dose e de 77,3% com a segunda, pelo que, segundo do Carmo, é preciso dar os parabéns ao Executivo e aos técnicos.