O primeiro grupo de bombeiros profissionais de São Vicente completou no dia 01 de Fevereiro 36 anos de serviço. Um feito importante para os oito “soldados da paz”, que dizem não ter neste momento motivos para celebrar porque continuam a aguardar o seu Estatuto, não obstante as promessas e garantias dadas pelos sucessivos governos. Também por causa disso, estes bombeiros mantém-se no activo, ainda que apenas a fazer serviços burocráticos por causa das idades da idade e da saúde.
O sentimento é de frustração no seio destes bombeiros em relação às demais classes profissionais, designadamente policias Nacional e Judiciária, guardas prisionais e outras forças de segurança, diz Domingos António Gomes. “Somos a única classe profissional ligadas as forças de segurança ainda sem um estatuto, apesar das garantias do actual Ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, de que em Junho de 2017 este já estava pronto para ser aprovado. Sentimo-nos frustrados.”
Desse oito bombeiros profissionais, dois estâo na reforma por motivo de doença. Os restantes seis continuam no activo, mas admitem que não já não possuem condições para responder as exigências do serviço. Alias, neste momento sequer tem autorização medica para prestar serviços de turno no terreno. “Neste momento fazemos apenas serviços burocráticos no quartel. Estamos aqui todos os dias, na maior parte das vezes apenas para picar o ponto e aguardar a hora de ir para casa, uma situação que aumenta ainda mais a nossa frustração”, pontua este bombeiro.
Este é um problema que, acreditam, poderia estar solucionado se o Estatuto dos Bombeiros já estivesse em vigor. É que, a proposta do documento, que alegadamente já se encontro no Parlamento a espera de aprovação, prevê a ida para a reforma com 33 anos de serviço ou 55 anos de idade. No entanto, neste momento é possível encontrar no quartel bombeiros a prestar serviços com 58 e 60 anos de idade. “Sinto que fomos esquecidos pelos governo e estamos a trabalhar sem condições. A falta de estatutos está claramente a prejudicar os bombeiros de S. Vicente e de Cabo Verde.”
Foi em 1984 que este grupo de sete bombeiros chegou ao quartel para reforçar os “Bombeiros voluntários” que, durante anos, garantiam a segurança da ilha de São Vicente. Desde então estes começaram a cobrar a regularização da profissão. Os primeiros passos para a elaboração do Estatuto começaram a ser negociados com a então ministra da Administração Interna, Marisa Morais.
O dossier foi herdado por Paulo Rocha, na altura faltando apenas “alguns retoques” para a sua conclusão, o que o levou a garantir este estaria pronto para publicação em Junho de 2017. Por isso mesmo, estes bombeiros dizem não ver motivos para celebrar os 36 anos de serviço porque, afirmam, nunca foram valorizados como profissionais.
Constança de Pina