A jovem Aline Martins vai processar a companhia Cabo Verde Inter-Ilhas se enfrentar problemas na empresa onde trabalha por causa do cancelamento de uma viagem de regresso à ilha de S. Vicente a partir de S. Nicolau. Conforme o planeado, o navio deveria partir da ilha de Chiquinho ontem, terça-feira, um dia antes de terminar as suas férias, mas foi informada pela agência uma hora antes que a ligação agora só irá acontecer no Sábado. Isto significa, diz Aline, que vai faltar três dias de trabalho, situação que lhe poderá provocar constrangimentos no emprego.
“Eu já avisei a CV Inter-ilhas da minha decisão – se a minha empresa se sentir prejudicada e agir dentro dos seus direitos eu vou ter que exigir responsabilidades à companhia. A verdade é que estou numa situação complicada”, salienta Aline Martins, que já pediu à CVI para lhe enviar uma mensagem por email a comunicar o adiamento da viagem. Informação que ela pretende usar para mostrar a empresa onde trabalha que a culpa das faltas não é dela e que também poderá servir de prova no processo judicial.
Segundo essa passageira, se fosse informada do cancelamento da viagem com a devida antecedência poderia tentar uma passagem aérea, apesar do custo exagerado das deslocações por avião de e para a ilha de S. Nicolau. Só que, diz, a saída do barco estava prevista para as 4 da tarde e recebeu a comunicação uma hora antes, isto depois de contactar a agência. Só minutos mais tarde é que recebeu uma mensagem sms da cidade da Praia a confirmar o cancelamento.
Mesmo assim, essa jovem, que está acompanhada de uma amiga que levou da ilha do Sal para conhecer S. Nicolau, tentou procurar uma passagem aérea, mas já não há lugar nos voos da Binter. Como diz, outras pessoas que estão em S. Nicolau foram mais rápidas, pelo que agora só lhe resta rezar para o barco efectuar a viagem no Sábado.
“Estou sem alternativa e sinto-me mal porque a minha amiga está também nesta situação. Ela tem de regressar ao trabalho imediatamente e tudo isso pode criar-lhe constrangimentos”, conta Aline Martins, acrescentando que a colega pretende também responsabilizar a CVI se enfrentar problemas no serviço.
Natural de S. Nicolau, Aline Martins foi servir de dama no casamento de uma grande amiga. Meteu alguns dias de féria para o efeito e pretendia ir de avião. Teria, no entanto, que desembolsar quase trinta contos só no percurso de ida, com escala na cidade da Praia ou na ilha do Sal. Ao ter a certeza que o barco iria sair de S. Vicente para o Tarrafal de S. Nicolau no dia 9, isso depois de algumas dúvidas e uma série de contactos com a agência, preferiu ir por via marítima. Aproveitou e comprou logo a passagem de ida (9) e regresso (15).
Ciente do regresso a Mindelo no dia 15, decidiu passar pela agência de viagem para certificar o horário, quando foi informada do adiamento da viagem. “No entanto, não recebi nenhuma informação do cancelamento. Por ter dito isto à funcionária da agência, minutos depois recebi uma ligação da CVI anunciando o cancelamento, mas sem avançar nenhuma explicação”, revela Aline Martins, que se mostra revoltada com a situação da sua terra natal.
Esta lembra que entrar e sair de S. Nicolau tornou-se numa missão quase impossível. “Não se pode planear nada com a devida segurança porque nenhuma viagem de barco está garantida. Viajar de avião não há bolso que aguente, além de sermos obrigados a passar por duas ilhas”, expõe a jovem, que pergunta até quando os filhos da terra de Chiquinho vão continuar a ser prejudicados.
Conforme o gabinete de marketing da CVInterilhas, a viagem foi cancelada por motivos de avaria técnica do navio Liberdadi, tendo a companhia informado os passageiros, inclusive Aline Martins, desse constrangimento. “As pessoas foram comunicadas e pedimos aos clientes para ficarem a aguardar novas informações. Por enquanto é o que podemos avançar porque se trata de um motivo de força maior”, disse Jorge Martins ao Mindelinsite.
Segundo esta fonte, a empresa aponta a realização da viagem para Sábado, mas nada está ainda seguro. Em princípio, o navio, que se encontra neste momento no Porto da Praia, terá que ser visto nos estaleiros da Cabnave. Assim, deverá iniciar a viagem para Mindelo hoje ou amanhã. Entretanto, adianta que o catamaran não poderá transportar nenhum passageiro por questão de segurança.
Quanto à queixa e ameaça da passageira Aline Martins, o responsável de marketing da CVI assegura que já foi providenciado o envio do comunicado para o seu email – para servir de justificativo das faltas ao serviço -, e que o máximo que a empresa pode fazer é devolver-lhe o dinheiro da passagem. Isto porque, enfatiza, trata-se de um caso de força maior, que foge ao controlo da companhia armadora.
Kim-Zé Brito