O presidente da Comissão Política Regional do PAICV considera que a ilha de São Vicente está votada ao abandono por parte dos poderes Local e Central, num claro processo de desgovernação. Para Adilson Jesus, é “preocupante, alarmante e perigoso” o estado em que a ilha do Porto Grande e a sua população se encontram.
O politico, que falava em conferência de imprensa no Mindelo, lamentou a perda de protagonismo e liderança da ilha no processo de desenvolvimento de Cabo Verde e citou um conjunto de irregularidades e de ilegalidades constantes dos relatórios do Governo e do Tribunal de Contas, sem consequências.
Entretanto, disse, tanto o Governo como a CMSV, como avestruzes, querem fazer acreditar que a ilha não tem problemas. “Parece que a única coisa que a CMSV sabe ou gosta de fazer são festas”, pontua Adilson Jesus, exemplificando com os vários projectos que se arrastam a oito ou 10 anos e que constam dos sucessivos orçamentos, mas que ainda estão por concluir.
Em jeito de exemplo, aponta o Mercado de Peixe, a antiga Conservatória, o Polivalente de Chã de Alecrim, de entre muitos outros. Paralelamente, sinaliza com a necessidade de intervenções emergências e estruturantes e revela alguma apreensão com a juventude e o desemprego, que levam ao abandono de São Vicente, seja para outras ilhas ou para o exterior, “para escapar a fome.”
O presidente da CRP chama atenção para a degradação social, o crescimento da insegurança, da prostituição e da delinqüência juvenil na ilha. Indaga, por outro lado, sobre o pedido de perda de mandato do presidente da CMSV que, afirma, não avança nos tribunais. Fazendo uma comparação com o caso do edil da Praia, que considera idêntico, sublinha que este avança em velocidade de fórmula 1, o que leva a questionar a imparcialidade da Justiça, mas também do próprio Governo.
Adilson Jesus abordou ainda o problema de saneamento, mais precisamente a falta de contentores e o vazamento de esgotos em varias zonas, situação que poderá agravar-se durante a época das chuvas. Falou igualmente das verbas recebidas no âmbito do Estado de Contingência e que nunca foram justificadas e que poderiam contribuir para minimizar estes problemas.