O empresário mindelense Nelson Lopes vai disputar a cadeira de presidente da Câmara de S. Vicente nas eleições autárquicas deste ano, enquanto candidato independente. Lopes será apoiado pelo movimento “Mas Soncent” (Mais São Vicente), um grupo que, diz, congrega “muita gente” movida pelo amor à ilha do Monte Cara. “A nossa intenção é congregar todos aqueles que gostam desta terra”, frisa Lopes.
Segundo o empresário, foi incentivado a assumir esse desafio a quando da celebração dos 25 anos de vida da sua empresa Expoarte na cidade do Mindelo. Este garante que várias pessoas falaram com ele e acabou por pensar e decidir porque tem a consciência que o potencial de S. Vicente tem estado a decair nos últimos anos. Para ele, a equipa liderada por Augusto Neves já está cansada, sem ideias e sem capacidade de gestão do município. “Estamos perante uma Câmara que devia ser promotora de investimentos empresariais capazes de debelar o desemprego, mas cujo presidente sequer tem abertura para receber em audiência delegações empresariais interessadas em investir na ilha”, critica Nelson Lopes, que promete ter uma postura diferente se assumir a gestão da autarquia mindelense.
O combate ao desemprego será um dos focos principais do programa que “Mas Soncent” vai apresentar ao eleitorado mindelense. E a estratégia, segundo Lopes, é aproveitar a sua vasta experiência e cadeia de contactos empresariais em diversos países para aumentar a carteira de investimentos em S. Vicente. Este enfatiza que a sua profissão levou-o a aprender a dialogar, negociar e decidir, pelo que se sente preparado para gerir os destinos da sua ilha natal.
Nelson Lopes garante que saberá relacionar-se com o Governo central, apesar de sentir que S. Vicente tem sido uma ilha prejudicada pelo Palácio da Várzea. Logo, a sua postura será de diálogo, mas sempre colocando os interesses do município no centro.
Embora residente na cidade da Praia, Nelson Lopes considera-se mais um dos jovens que foi obrigado a sair de S. Vicente para poder realizar os sonhos e desenvolver a sua veia empreendedora. Garante, no entanto, que nunca deu costas à sua ilha, tanto assim que a sua empresa Expoarte tem sido patrocinadora de quase todas as equipas de futebol desta região desportiva. Além disso, prossegue, resolveu regressar à base e montar uma unidade da Expoarte em S. Vicente, ilha-berço da empresa.
Questionado se vai ficar a viver em S. Vicente se perder as eleições, Lopes responde que está habituado a viver em várias partes do mundo. “Tenho empresa na Praia, em S. Vicente e nos Estados Unidos, pelo que tenho de estar a viajar com frequência. Mas acredito que vou ganhar”, diz o empresário, que pretende entregar a gestão das suas unidades nas mãos de dois filhos, se tiver que se concentrar na Câmara de S. Vicente.
Convite do PAICV
Nelson Lopes foi dado como um dos potenciais candidatos do PAICV em S. Vicente, numa lista que incluiu os nomes de Albertino Graça, Xazé Novais e Manuel Inocêncio. Abordado sobre esse cenário, Lopes confirma ter sido desafiado a liderar a lista do partido da estrela negra em S. Vicente, mas que teve de declinar o convite. “Sinto um certo orgulho em ser convidado pelo PAICV, mas declinei porque não queria estar ligado a nenhuma força política e sentir-me condicionado. A minha bandeira é S. Vicente, sem amarras, e tive que tomar uma decisão consentânea com a minha postura”, explica este ainda pré-candidato, que aproveita para acrescentar que tem sido abordado pelos partidos, mas que nunca que quis entrar na política-partidária.
Retido na cidade da Praia por causa da epidemia da Covid-19, Nelson Lopes está ansioso para voltar à cidade do Mindelo e fazer a apresentação oficial da sua candidatura. Este garante que se deslocará a S. Vicente na primeira oportunidade. Até porque, acrescenta, há muito trabalho a ser feito no terreno e o tempo começa a apertar.
Se as contas do Mindelinsite estiveram certas, a disputa autárquica em S. Vicente vai ser a cinco, entre os candidatos do MpD, UCID, PAICV e duas candidaturas independentes lideradas por Rosário Luz e Nelson Lopes. Para este último, este cenário vai ajudar o seu projecto político, porque a sua equipa está disposta a arregaçar as mangas e estar preparada para se adaptar às regras impostas pela Comissão Nacional de Eleições devido a epidemia. No entanto, adverte, caberá a cada lista apresentar o seu programa e deixar o eleitorado escolher.
Enquanto candidato independente, Nelson Lopes mostra-se aberto ao apoio de todos aqueles que são a favor de S. Vicente. Por isso não pretende fechar as portas a uma eventual ajuda do movimento cívico Sokols. Garante que o assunto ainda não foi colocado na mesa de discussão e que caberá à direcção do Sokols tomar essa iniciativa.
KzB
