A Procuradoria-Geral da República afirmou ontem que ninguém foi constituído arguido no caso da morte de “Zezito denti d´oru” em 2014, no decurso de uma operação da PJ na cidade da Praia, e que tão pouco notificou Paulo Rocha, o actual ministro da Administração Interna e ex-Director Nacional Adjunto da Judiciária, para prestar depoimento no âmbito dessa ocorrência.
Esta informação foi tornada pública pela PGR na sequência de uma reportagem publicada pelo jornal online Santiago Magazine no dia 28 de dezembro, dando conta que o Ministério Público está a investigar o ministro Paulo Rocha por “homicídio agravado”. Segundo essa publicação, além do actual governante que tutela a administração interna, a PGR tem na mira outros elementos da PJ por alegado envolvimento dos mesmos “em circunstâncias pouco claras” no assassinato de Zezito, “tido como o autor material da morte, a sangue frio, da mãe da inspectora Kátia Tavares em 2014”.
O jornal cita os autos de instrução nº 6379/2015, com data de 21 de agosto deste ano, nos quais constam que se está a apurar factos susceptiveis de integrar a prática de um crime de homicídio agravado contra o ofendido Zezito denti d´oru. De entre os suspeitos, diz Santiago Magazine, consta o nome de Paulo Rocha, que, “na altura da ocorrência dos disparos com arma de guerra que mataram Zezito no dia 13 de outubro de 2014, na Cidadela, era director nacional-adjunto da PJ” e que estava na “cena do crime” como operacional.
Porém, a Procuradoria-Geral da República reagiu a essa notícia e afirma em comunicado que, não obstante as diligências realizadas, ainda o Ministério Público não constituiu ninguém arguido nem notificou o agora ministro Paulo Rocha para prestar declaração nos mencionados autos, “nem mesmo na qualidade de testemunha”.
“Outrossim, porque a notícia publicada alega que o diário digital Santiago Magazine teve acesso a documentos e conteúdos de actos processuais cobertos pelo segredo de justiça, a Procuradoria ordenou a abertura de instrução criminal, por indícios da prática do crime de violação de segredo de justiça, com vista a identificar o seu autor e a efectivar a respectiva responsabilidade criminal”, afirma a PGR.
Entretanto, o director do jornal reagiu ao comunicado da PGR, lembrando que já se passaram sete anos sobre o caso e que durante este tempo não se ouviu uma única palavra das autoridades judiciais, mais concretamente do Ministério Público, enquanto titular de ação penal. O jornalista Hermínio Silves afirma que o assunto esteve mergulhado “no mais profundo e incómodo silêncio” até anteontem, 28 de dezembro, quando o jornal publicou a notícia dando conta da existência de um processo de investigação criminal sobre a morte de Zezito e que tem na mira elementos afectos à PJ.