O ministro da Saúde confirmou ontem à noite a existência do primeiro caso suspeito de infecção de um paciente pelo coronavírus Covid-19 em Cabo Verde. Arlindo do Rosário evitou mencionar o nome, mas presume-se ser o escritor Germano Almeida, que – conforme o mesmo confirmou ao Mindelinsite – esteve num festival literário em Portugal e em contacto directo com o escritor e amigo chileno Luís Sepúlvuda, entretanto diagnosticado com a doença, pelo que decidiu iniciar uma quarentena voluntária.
Segundo Arlindo do Rosário, o paciente em causa já se encontra internado numa área específica do Hospital Baptista de Sousa, em S. Vicente, e está neste momento a ser sujeito a uma bateria de análises clínicas, visando a confirmação ou não do coronavírus.“Temos hoje um caso suspeito e consideramos isso com base em critérios clínicos e epidemiológicos. O indivíduo apresenta um quadro de infeção respiratória, conquanto leve, e tem o histórico de ter estado num evento em Portugal onde foi registado um caso confirmado de infecção por coronavírus”, revelou o ministro da Saúde numa declaração à imprensa, sem direito a perguntas, feita ontem à noite na cidade do Mindelo, acompanhado do Delegado da Saúde e da directora do Hospital Baptista de Sousa.
Segundo Arlindo do Rosário, tendo em conta que o paciente reúne os critérios de ser portador do vírus, o Serviço Nacional da Saúde tomou as devidas providências, nomeadamente o internamento da pessoa. O paciente, acrescenta, já fez uma série de exames e recolha de material para análise específica do vírus e estão agora a aguardar a evolução do caso.
“Quero também dizer que desde a primeira hora que o Ministério da Saúde tem tomado medidas pró-activas para trazer segurança e tranquilidade à população. Medidas essas de acordo com o estabelecido com as recomendações da OMS e do Plano Nacional de Contingência”, informou o governante, assegurado que as autoridades sanitárias continuarão a trabalhar no sentido da detecção precoce dos casos. Este garante ainda que o Governo está engajado e diz acreditar que a população está ciente das medidas de segurança que deve tomar, nomeadamente ao nível da higiene pessoal.
Sem alarmismo
Sendo Cabo Verde um país que recebe muitos emigrantes e turistas, a chegada do vírus ao país é uma probabilidade sempre aberta, na opinião do Delgado da Saúde em S. Vicente. Por este motivo, prossegue Elísio Silva, a Delegacia de Saúde e o hospital central do Mindelo conceberam um plano de contingência desde os primeiros alertas, com base nas directrizes nacionais e da OMS. Deste modo, diz o médico, foram constituídas equipas que passaram a actuar na prevenção nomeadamente no Porto Grande e no Aeroporto Internacional Cesária Évora, duas portas de entrada de pessoas vindas de várias paragens do mundo.
Este trabalho, garante, tem dado frutos, prova disso foi a detecção do referido caso suspeito. “No primeiro instante em que tivemos informações do caso acionamos o nosso plano de contingência. Entramos em contacto telefónico com a pessoa em causa e conseguimos a sua colaboração. Hoje decidimos com base em estudos epidemiológicos e clínicos que se trata de um caso suspeito e acionamos as medidas constantes do protocolo”, frisa.
O paciente foi internado e os quatro familiares que tiveram contacto com ele levados a fazer quarentena domiciliar. Estas pessoas estão a seguir as indicações dadas pelas autoridades sanitárias. Apesar da situação, o Delegado da Saúde entende que não há motivos para alarmes.
Para Ana Brito, directora do HBS, este é o melhor cenário que poderia existir, já que houve uma chamada telefónica, as autoridades sanitárias entraram de imediato em contacto com o doente, que se encontra agora internado. O doente, acrescenta, foi transportado para o hospital numa ambulância preparada e deu entrada no estabelecimento por uma entrada preparada para o efeito. Uma vez no hospital, foi submetido a exames para medição dos sinais vitais. Neste momento, acrescenta Ana Brito, o internado está estável, apesar de apresentar alguns sintomas.
Kim-Zé Brito
