As autoridades sanitárias vão usar a disponibilidade de testes rápidos para apurar quantas pessoas criaram anticorpos de covid-19 nas diferentes ilhas, tal como aconteceu com os familiares da paciente chinesa em S. Vicente, mas, conforme o infectologista Jorge Barreto, a inclusão desses resultados nas estatísticas globais de infectados será um caso a ser debatido.“Está-se a programar a utilização dos testes rápidos para se ver nas ilhas sem registo de casos, com base na técnica do PCR, se houve pessoas que tiveram contato com o vírus. Se a informação depois vai ser contabilizada ou não na estatística será alvo de uma discussão a acontecer depois“, diz o Director do Serviço de Prevenção e Controlo de Doenças, para quem o caso da cidade do Mindelo é “diferente”, mas sem explicar em que sentido.
Na verdade, a questão colocada pelo Mindelinsite foi suscitada pela decisão, até lógica, de se incluir o marido e a filha da paciente chinesa nas contas dos casos positivos encontrados em S. Vicente, já que, conforme revelaram os testes rápidos, ambos criaram anticorpos e imunidade natural, significando isso que estiveram em contacto com o coronavírus. Assim sendo, S. Vicente passou a contabilizar três infecções, e não apenas uma, mas com dois casos recuperados.
Com a quantidade de infectados neste momento nas ilhas de Santiago (93) e da Boa Vista (56), mais de 70% dos quais assintomáticos e os restantes com sintomas leves a moderados, o mais natural é que haja também pessoas que desenvolveram imunidade natural ao vírus e apresentem anticorpos. Logo é de se estranhar que, no caso de S. Vicente, as autoridades considerem normal actualizar o número de infectados com a inclusão dos dois familiares, e agora tenham que pensar se será aplicado o mesmo princípio, se forem encontradas situações idênticas nas restantes ilhas.
Esta questão surge numa altura em que o número de infectados na Capital atingiu um novo pico, com o anúncio esta manhã de mais 30 pessoas infectadas, número que acabou por descer para 29, uma vez que inclui a idosa falecida e cuja informação foi ontem divulgada.
Perante o cenário, está claro para Jorge Barreto que a doença da covid-19 já se instalou na cidade da Praia, tendo atingido cerca de 20 dos bairros existentes no concelho. E adverte que mais casos positivos podem surgir consoante as autoridades sanitárias forem investigando. Em sentido inverso, a ilha das dunas tem estado a diminuir a quantidade de doentes, com a alta dada a 14 pacientes. E outras pessoas podem sair do confinamento nos próximos dias, como prevê Jorge Barreto.
Neste momento Cabo Verde regista 152 casos positivos de covid-19, 227 amostras aguardam ainda pelos resultados laboratoriais e permanecem em quarentena 439 pessoas a nível nacional.
Entretanto, apesar da experiência adquirida no país no combate à doença, Cabo Verde ainda não tem condições técnicas para fazer um estudo e saber qual o melhor tipo de tratamento farmacológico mais adequado para os doentes mais graves.
KzB/Nadine Gomes