HBS e American Medical Society assinam protocolo para missões de médicos de origem cabo-verdiana radicados nos EUA

O Hospital Baptista de Sousa e a America Medical Society (CVAMS) – organização de cariz privada que tem por objectivo unir a nível nacional médicos e outros profissionais de saúde de origem cabo-verdiana para fomentar, promover e apoiar avanços no tratamento, investigação e programas educacionais – assinaram um protocolo de colaboração. Este tem como principal pilar o desenvolvimento de atividades nos domínios da cirurgia laparoscópica, da ortopedia e da oftalmologia, acompanhadas de um programa de formação para os profissionais de saúde do HBS. 

Segundo a presidente do Conselho de Administração do HBS, este protocolo materializa a vontade de uma cooperação estratégica e técnica manifestada pelas partes, na sequência de um processo pensado, discutido e testado pelas equipas das duas instituições. “Atribuo grande simbolismo a este ato, que representa a escolha de um caminho inovador para o futuro. Representa um acontecimento histórico, mobilizador e auspicioso porque creio ser este o primeiro protocolo estabelecido neste termos no país”, afirmou Helena Rodrigues, para quem será muito mais que um simples protocolo.

Trata-se, diz, de um acontecimento mobilizador para dentro e para fora relativamente ao modelo de desenvolvimento institucional existente ou que se quer adoptar. “Este é o momento de aprofundar a cooperação entre irmãos, unidos por uma pátria, a nação cabo-verdiana, que congregam esforços para criar condições de colaboração organizada em projectos relevantes para o seu desenvolvimento”, referiu, frisando que a CVAMS é uma associação constituída por médicos cabo-verdianos conceituados nos EUA, com grandes feitos em diversas especialidades da medicina e que decidiram, de forma abnegada, colocar à disposição dos profissionais de saúde do HBS o seu conhecimento.  

Neste sentido, a directora do HBS reafirmou o compromisso de desenvolver programas e projectos que forneçam respostas terapêuticas para os pacientes com base em lacunas identificadas, mas também projectos que proporcionem intervenções cirúrgicas no âmbito da cirurgia laparoscópica, ortopedia e oftalmologia e promover formações nas áreas de cuidados peri-operatórios e protocolos de cuidados desde a pré-admissão dos pacientes e planos de seguimento pós-alta, etc. 

O presidente da CVAMS agradeceu a direcção do hospital pela hospitalidade e pelo estímulo para voltar com freqüência a Cabo Verde. “Para nós estar aqui é muito importante. A nossa associação foi criada há cerca de três anos, na sequência da crise da pandemia da Covid-19. Ela despertou a nossa consciência sobre a vulnerabilidade de Cabo Verde, enquanto país pequeno e com poucos recursos. Nos levou a pensar como seria possível para nós contribuir para o país, sendo que havia uma massa crítica na nossa comunidade nos EUA, que tinha motivação e capacidade para ajudar. Nascia então este projecto.”

Arrancou com cerca de 20 pessoas e hoje a CVAMS congrega mais de 170 médicos cabo-verdianos residentes nos EUA, de todas as especialidades, e outros profissionais de saúde. “Temos, actualmente, cerca de 60 estudantes cabo-verdianos de medicina nos EUA. Muitos são da terceira, quarta e quinta geração. Estamos aqui, não só para compartilhar os nossos conhecimentos, mas também para aprender sobretudo como inovar, tendo em conta as limitações existentes e que vamos levar connosco”, garantiu Teixeira, que destacou ainda o facto de estarem a aprender a falar crioulo e português, e principalmente a conviver e a conhecer a cultura do país. “O nosso propósito tem sido sempre trazer morabeza à medicina, daí o nosso lema de unir pessoas para melhorar os cuidados de saúde em Cabo Verde. “

O presidente da CVAMS frisou ainda a missão de acudir a própria comunidade nos EUA, que sofre muitas vezes dos mesmos problemas existentes no país. “É importante mantermos esta ligação directa com a nossa comunidade. Ali também aprendemos formas de contribuir e ajudar Cabo Verde. Por exemplo, no hospital de Boston descobrimos uma base de dados com mais de dez mil cabo-verdianos. Nela estamos a fazer investigações que terão impacto nos pacientes aqui no país serão tratados, tendo em conta que são pessoas com a mesma base genética, alimentar e hábitos sociais. Vamos poder contribuir para o dialogo cientifico aqui em Cabo Verde”, reforça Júlio Teixeira. 

Para este especialista, por Cabo Verde ser um país com recursos humanos limitados, não pode dar ao luxo de abandonar ou ignorar este exército enorme que tem la fora, nesta batalha que tem de combater na área da saúde. “É muito importante recrutar os recursos que temos no estrangeiro e na diáspora para dar a sua contribuição na saúde. Espero que o nosso exemplo nos Estados Unidos seja reproduzido em outras comunidades, em Portugal, Brasil, etc. Queremos ser uma alternativa em relação à cooperação que Cabo Verde tem com outros países”, reforça, lembrando que muitas vezes estes país também têm listas de espera enorme e os pacientes cabo-cabo-verdianos quando chegam já estão num estagio da doença muito avançada, e o tratamento é mais difícil

A assinatura deste protocolo, refira-se, decorre de uma missão médica constituída por sete especialistas, que vai permitir realizar mais de 30 intervenções de cirúrgias laparoscópicas e de ortopedia, acompanhados de um intenso programa de treinamento e de capacitação das equipas do HBS. Segue-se um simpósio em emergências médicas sobre “Gestão de suspeita de AVC” (Joseph Gomes), “Gestão de enfarte de miocárdio agudo” (António Gomes), “Desafios locais na gestão de emergências cardiovasculares” (Charles Constantino) e “Novos conceitos em tensão arterial (Manuel Fontes).  

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