O escritor Germano Almeida acolheu o resultado das análises de coronavírus chegadas ontem de Portugal com naturalidade, tendo realçado mais uma vez que nunca se sentiu doente. Segundo Almeida, o seu estado físico, mental e emocional deu-lhe sempre indicações que tudo não passava de meras suspeitas, mas estava ciente de que era fundamental esclarecer todas as dúvidas. “Os sinais que apresentava não se coadunavam com uma pessoa doente por esse vírus. Por exemplo, nunca tive febre. Era uma mera tosse e alguns espirros típicos de quando estou gripado”, ilustra o autor, momentos depois de ter sido informado das conclusões dos exames. Almeida reconhece, no entanto, que é tranquilizante saber que está livre do temível coronavírus.
Enquanto estava de quarentena, Germano Almeida teve a preocupação de ficar em casa usando máscaras e evitando contacto directo com a própria esposa. “Inclusive eu e a minha mulher passamos a usar louça e outros utensílios separados”, especifica Almeida, que recebeu a notícia dos resultados através de uma chamada telefónica da directora do Hospital Baptista de Sousa.
Perguntado se, com base nesta experiência, Cabo Verde está a saber lidar com a ameaça do Covid-19, Germano Almeida prefere realçar que cabe a cada indivíduo tomar as devidas precauções e não atribuir essa responsabilidade apenas às autoridades sanitárias e ao Governo. O escritor aproveita para pedir às pessoas para evitarem partilhar determinados vídeos que só servem para plantar a semente do pânico na sociedade.
Desde que regressou a Cabo Verde que Germano Almeida não tem notícias do colega chileno Luís Sepúlveda com quem manteve contacto no festival literário Correntes d’Escritas em Portugal e que entretanto foi diagnosticado com o Covid-19. O escritor cabo-verdiano diz ter “pena” da sorte do amigo e que vai tentar falar com ele assim que possível.
As notícias sobre o aumento de casos do coronavírus no mundo tem feito eco em Cabo Verde e levado algumas pessoas a se precaver, a adquirir máscaras, vitaminas e álcool nas farmácias. A procura disparou, no entanto, desde que o ministro da Saúde anunciou nos órgãos de comunicação social que Cabo Verde estava a lidar com um caso suspeito, na ilha de S. Vicente.
Ministro da Saúde: “Serenidade não é apatia”
O governante reagiu esta manhã na sua conta no Facebook sobre o resultado das análises feitas ao escritor Germano Almeida, tendo realçado que a “serenidade” não pode ser confundida com “apatia”. “A serenidade é um reflexo do estado de espírito de quem sabe que no meio de tormentas a sua obrigação é levar o barco a bom porto. A apatia é o que resulta da impotência, da fraqueza do espírito, de soçobrar perante o primeiro abalo!”, escreveu o ministro Arlindo do Rosário, para quem os profissionais da saúde, por experiência do trabalho diário, souberam ganhar a resiliência necessária e que por isso são especiais. O governante acrescenta que não serão eles a enfrentar e a entrar em “guerrilhas estéreis” com os “oportunistas” e com os que, por “falhas de carácter”, acham que podem ter o seu momento de glória através do pânico que semeiam.
Segundo o médico, a luta do Ministério da Saúde tem de ser outra, isto é, pela afirmação da nobreza do catácter. “Vamos continuar o nosso trabalho, redobrando os esforços, lutando contra o cansaço, antes fazendo dele o nosso alento!”, frisa o ministro, que aproveita a ocasião para dar os parabéns aos profissionais de saúde.
Kim-Zé Brito