As Forças Armadas têm registado uma fraca adesão dos jovens às suas fileiras , especialmente os residentes na ilha de Santiago, e, segundo o Chefe de Estado Maior, o Governo já encomendou um estudo que deve identificar as causas do fenômeno e indicar as medidas a serem tomadas para mudar essa tendência.
Abordado pelo jornal Mindelinsite sobre esse dado, visto que o serviço militar é obrigatório, o Contra-Almirante António Duarte evitou adiantar mais informações, por estar em curso o referido levantamento, que servirá de base a uma revisão do serviço militar obrigatório em C. Verde. Assegurou, no entanto, que os jovens residentes em Santiago pura e simplesmente não têm comparecido nos quartéis. “Tem havido uma fraca adesão e ainda não descobrimos as razões intrínsecas a esta situação”, limitou-se a responder o CEMFA, para quem esta situação representa um dos maiores desafios que actualmente a instituição vivencia pelos impactos negativos ao nível dos efectivos.
Já as outras ilhas, conforme o responsável da instituição, têm conseguido fornecer tropas para as fileiras das FA, em particular S. Vicente, onde fica o único centro de instrução militar de C. Verde, as sedes dos Comandos da Guarda Costeira e da Esquadrilha Naval, além de acolher a 1. Região Militar. A terra do Monte Cara foi, aliás, o palco da cerimónia central da comemoração do aniversário das FA, efeméride celebrada na praça Don Luiz sob o lema “58 anos na defesa da soberania e promoção da segurança e estabilidade da nação”.
Marcar a data na cidade do Mindelo, segundo António Duarte, reveste-se de um brilho especial em virtude do profundo envolvimento dos mindelenses com as FA, fruto da tradicional presença e dinâmica militar em S. Vicente. Esta conjuntura, realça, acabou por modelar os hábitos locais e o próprio relacionamento entre a população e a instituição. O CEMFA salientou que é das ilhas que mais contribui com novos recrutas, pelo que aproveitou o ensejo para exprimir o profundo reconhecimento das FA pelo carinho demonstrado.
A partir do Mindelo, o CEMFA fez igualmente uma “merecida homenagem” ao núcleo fundador das FA e endereçou uma saudação especial aos combatentes da liberdade da pátria presentes no acto e que estiveram na génese da entidade.
Para o Chefe de Estado Maior, a cerimónia assinala a “heroica trajetória e resiliência inabalável” das FA desde a sua fundação. Uma instituição que, sublinhou, nasceu do ideário da independência e da liberdade e tem-se consolidado como baluarte da estabilidade. Entidade que, segundo António Duarte Monteiro, tem superado desafios e que, mesmo no cenário de recursos limitados, tem actuado com honra e levado a sua intervenção para além da defesa territorial, estendendo o seu apoio humanitário à segurança interna e à promoção da paz regional.
Celebrar o 15 de janeiro, prosseguiu, constitui uma oportunidade para se fazer o balanço das realizações e, segundo o CEMFA, tem havido esforços a diversos níveis para se dotar a instituição de competências e de capacidades adequadas à realidade do país. Além disso, refere que a conjuntura internacional tem servido de mote para ação política e operacional dos actores com responsabilidades na matéria. António Duarte exemplificou com a iniciativa do Governo de aprovar em 2024 o novo Conceito Estratégico de Defesa Nacional, que, diz, redefiniu os pilares estratégicos da defesa do país. “Este conceito deve nortear pesquisas sérias e estudos comparativos que podem, depois de adaptados à nossa realidade, servir para uma reforma robusta e devidamente estrutura das FA, a ser implementada com passos seguros e firmes, sem queimar etapas.”
O Chefe de Estado-Maior enalteceu igualmente a entrada em vigor das novas tabelas de perfis psicofísicos e de inaptidão do serviço militar, que permitem um maior rigor na avaliação física e psíquica no processo de recrutamento. Destacou ainda o trabalho feito na ilha Brava pela Guarda Costeira inserida no plano de desenvolvimento estratégico que, salienta, tem-se revelado importante para o reforço da segurança marítima entre Fogo e Brava e permitido a evacuação médica. Revela que a Guarda Costeira já realizou cerca de 70 missões e evacuou 86 pessoas.