O Director Nacional da Saúde aconselhou os proprietários de táxis a desinfectarem as suas viaturas porque constituem, nesta altura, veículos de grande risco e pediu aos condutores para trabalharem com máscaras. Artur Correia garantiu que esta questão já está sobre a mesa. O presidente da Associação dos Taxistas de S. Vicente mostra-se favorável à recomendação do DNS, mas pede apoio das autoridades porque, diz, são poucas as viaturas a circular na ilha e “apenas a gastar combustível” porque não há trabalho.
O DNS fez estas considerações ao ser confrontado com o facto de que um dos casos positivos confirmados na cidade da Praia circulou de táxi e que a viatura terá, no mesmo dia, transportado outras pessoas. Correia admitiu que, de facto, os táxis constituem um veículo de risco porque transportam diariamente um número indeterminado de pessoas, inclusive como ocorreu com um dos casos confirmados de coronavírus, pelo que recomendou aos proprietários fazerem uma desinfeção periódica.
“O que posso dizer é que já discutimos esta questão dos táxis, mais precisamente sobre a necessidade de os proprietários destas viaturas procederem a sua desinfecção periódica. Igualmente os taxistas devem se proteger com máscaras. Se os profissionais de Saúde nas estruturas se protegem utilizando máscaras por causa dos riscos, entendo que os taxistas também correm um risco muito grande porque todos os dias estão em contacto com muitas pessoas”, reconhece o Director Nacional de Saúde.
O presidente da Associação de Taxistas de S. Vicente concorda com a necessidade de se desinfectar os carros, sobretudo as superfícies de contacto frequente como puxadores de portas, apoio dos braços e cintos de segurança, à semelhança do que acontece noutras paragens, para minimizar o contágio de covid-19. Belarmino Lima diz, no entanto, que a classe precisa de apoio para levar a cabo esta empreitada. “Neste momento circula em S. Vicente menos de um terço dos taxistas licenciados porque não hão há trabalho. Os poucos que arriscam tentar trabalhar descem, fazem uma volta e regressam a casa porque não há pessoas a procurar o serviço.”
As únicas excepções, de acordo com este dirigente associativo, que também é proprietário e condutor da sua viatura, são algumas pessoas que vão fazer compras rapidamente ou outras que precisam deslocar para o trabalho, no caso dos profissionais que são obrigados a manter-se nos seus postos durante o estado de emergência, pelo que dificilmente vão ter recursos para adquirir mascaras, álcool gel e para fazer a desinfestação.
“Em S. Vicente, porque não há muitos casos confirmados de covid-19, estamos mais tranquilos. Mas, caso a situação vier a alterar, vamos ter de pedir apoio porque são poucos os carros que estão a trabalhar. Acredito que muitos colegas e condutores devem estar a passar por dificuldades porque não há trabalho, logo, também não têm rendimento. Não há nada”, lamenta.
Este realça que, no caso dos taxistas, a par das máscaras, devem lavar as mãos e terem disponível álcool-gel, inclusive para fornecer aos clientes, o que pressupõe mais despesas numa altura em que enfrentam uma grande redução no volume de trabalho e, consequentemente, dos ganhos.
Constânça de Pina