Os resultados definitivos do V Recenseamento Geral da População e da Habitação (RGPH-2021) confirmam uma ligeira redução da população residente em Cabo Verde para menos de meio milhão de habitantes. O mesmo estudo revela ainda que mais de metade é do sexo masculino, diz a técnica do Instituto Nacional de Estatística, Helga Tavares.
Segundo esta responsável, por altura da realização do Censo – entre 16 a 30 de junho de 2021 – Cabo Verde tinha um total de 491.233 indivíduos residentes, sendo que mais de metade (246.363), precisamente 50,2%, é do sexo masculino. Quanto analisamos a nível dos concelhos, constatamos que apenas os da ilha de Santiago têm mais mulheres do que homens”, informa. Entretanto, quando comparado estes resultados com o Censo 2020, constata-se que o país tem menos 450 pessoas.
Helga Tavares justifica esta diminuição dizendo que a pirâmide etária do país mostra uma contração na base, o que significa uma baixa fecundidade. Mostra, por exemplo, que na faixa etária dos 0 aos 14 anos, concentra 28,2% da população, a dos 14 aos 64 anos 65,1% e a superior a 56 anos 6,7%. A esta junta-se ainda os dados referentes a emigração, que mostram que estão a sair do país muitos jovens em idade produtiva, sobretudo mulheres. São mais de 17 mil pessoas que saíram de Cabo Verde nos últimos dez anos, tendo como principais destinos Estados Unido e Portugal.
O Censo 2021 analisou ainda as condições de habitabilidade dos cabo-verdianos e mostra que um número significativo de pessoas continuam a viver nas barracas e em casas inacabadas: 118.474 (59%) moram em moradias independentes, 78. 466 (39,1%) em apartamentos, 2.987 (1,5%) em barracas/casas de bidon e 371 (0,2%) em contentores. “Boa parte dos agregados familiares vivem nos edifícios clássicos, podendo estar concluídas ou não. Temos também cerca de 2% que vivem em edifícios não clássicos, que são as barracas, casas de bidon, contentores, de entre outros.”
O estudo revela ainda que existem 104 pessoas a viver na rua em Cabo Verde, sendo 101 homem e 3 mulheres. Os motivos para a permanência na rua são problemas familiares/violência domestica (28,9%), vicio em drogas/álcool (25%), outros motivos (42,3%) e não sabe ou não respondeu (3,8%). Quanto a repartição da população residente por concelhos, 29,6% vive na Praia, 15,4% em São Vicente, 7,7% em Santa Catarina de Santiago e 6,8% no Sal. Na cauda estão Santa Catarina do Fogo com 1% da população residente, Tarrafal de SN e Brava com 1,1% cada.
Os resultados definitivos deste estudo, que já está disponível na página oficial do INE, foram apresentados oito meses após a divulgação dos resultados preliminares. O Censo é considerado de extrema importância, uma vez que facilita o diálogo entre as autoridades a nível central e local, bem como com os parceiros de desenvolvimento, sobretudo na formulação e avaliação de politicas e estratégias públicas. Também faculta indicadores para os compromissos internacionais nomeadamente as Agendas, a Mundial 2030 (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e a Africana 2063.