Covid-19: Autoridades sanitárias abrem investigação para apurar origem da infecção de chinesa em S. Vicente

As autoridades sanitárias desencadearam uma ampla investigação para apurar a fonte de contágio pelo Covid-19 de uma chinesa em S. Vicente, cujo resultado foi confirmado ontem à noite. Até o momento ninguém sabe como essa paciente de 56 anos apanhou a doença, pelo que o próprio ministro da Saúde não descarta a hipótese de se tratar de uma infecção comunitária, ou seja, ocorrida localmente e não por pessoas chegadas do exterior.

Segundo Arlindo do Rosário, a paciente, que está internada e isolada no hospital Baptista de Sousa desde o dia 27 de Março, não saiu de Cabo Verde nos últimos meses, a não ser a sua filha, que esteve na Alemanha e regressou a 27 de Fevereiro. O certo, acrescenta o responsável pela pasta da Saúde, é que tanto a filha como o marido da cidadã chinesa não apresentam sinais de contágio. Mesmo assim, ambos estão de quarentena.

A chinesa, conforme dados revelados por Arlindo do Rosário, começou a sentir calafrios, tosse, dores pelo corpo e dificuldades respiratórias no dia 18 de Março, automedicou-se em casa durante alguns dias, mas, como a indisposição continuou, acabou por ser atendida numa clínica privada, que a diagnosticou com pneumonia. A paciente foi medicada para tratamento domiciliar. “Devido ao agravamento do quadro clínico, acabou por dar entrada no serviço de urgência do Hospital Baptista de Sousa no dia 27 de Março. Mesmo não tendo um histórico de viagens e de contacto com um eventual suspeito, foi tratada e enquadrada conforme estabelece o plano de contingência para casos suspeitos, pelo facto de apresentar uma pneumonia extensa”, revela o ministro da Saúde.

Na sequência desse resultado laboratorial, Arlindo do Rosário acabou por contactar cada um dos técnicos de saúde que estiveram ligados a esse caso e, conforme esse governante, todos asseguraram que agiram com as devidas cautelas desde a entrada da paciente no banco de urgência e mostraram estar confiantes e serenos.

A atenção das autoridades desdobram-se em duas frentes por esta altura, ou seja, tratar a paciente e descobrir como foi infectada. Por agora as possibilidades são vastas. Uma delas é se o veículo de contágio foi a filha, que esteve na Europa e pode ter apresentado um quadro assintomático. Outra hipótese suscitada é se o vírus terá entrado em S. Vicente por altura do Carnaval, festa muito popular na cidade do Mindelo e cujo desfile oficial aconteceu no dia 25 de Fevereiro. Ao mesmo tempo que admite essa possibilidade, Arlindo do Rosário quase que a descarta ao lembrar que o ciclo normal do coronavírus no organismo de um doente vai dos 14 aos 18 dias. Além disso, o próprio ministro realça que, se o vírus estivesse em S. Vicente por essa altura, haveria muito mais pessoas infectadas e descobertas há mais tempo.

Deste modo, a investigação epidemiológica vai continuar e, segundo Arlindo do Rosário, se não for encontrada a fonte, o caso da chinesa, cuja actividade profissional não foi revelada, será considerado uma transmissão comunitária. “Mas isso não vai alterar em nada a estratégia que definimos porque há muito tempo que temos estado a agir como se estivéssemos perante um cenário de transmissão comunitária. Podemos reforçar as medidas de isolamento social e de higiene pessoal, mas estas já estão em curso. Aquilo que devemos estar cientes é que essa luta será ganha e a arma está nas nossas mãos, no nosso comportamento”, lembra Arlindo do Rosário, enfatizando que o vírus não passeia sozinho, “nós é que o passeamos”.

Refira-se que Cabo Verde regista neste momento 7 casos de contaminação pelo Covid-19, sendo 4 na Boa Vista – com uma morte -, 2 na cidade da Praia e 1 em S. Vicente.

Kim-Zé Brito

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