O grupo de protecção da enseada de coral da Lajinha promove este Domingo à tarde uma manifestação a favor da vida marinha deste local de interesse científico e em prol da floresta da Amazônia, que está a arder faz dias. Segundo Guilherme Mascarenhas, as autoridades cabo-verdianas não parecem estar sensibilizadas com o perigo que ronda essa pequena baía, pelo que as pessoas devem sair à rua e manifestar a sua indignação. No tocante a Amazônia, lembra que se trata do pulmão do mundo, cuja biodiversidade está a ser consumida perigosamente pelas chamas. Como diz, se as pessoas ficarem quietas em relação aos atentados ambientais, o planeta poderá sofrer uma perigosa reviravolta.
Esse professor anunciou essa medida hoje de manhã na praia da Lajinha, acompanhado de biólogos da Uni-CV, um encontro com a imprensa que serviu para proporem a qualificação da enseada de coral como um ponto de interesse científico. De acordo com Guilherme Mascarenhas, um dos activistas à frente do movimento, trata-se de uma zona que alberga mais de 400 espécies marinhas, com uma representatividade considerável da flora e da fauna marinha cabo-verdiana, que reúne os requisitos para ser legalmente protegido. A proposta já está preparada, mas deve agora cumprir outros requisitos legais, como a recolha de trezentas assinaturas. Depois, o processo será enviado às autoridades cabo-verdianas.
A chuva prevista para este final-de-semana, considerada de pouco volume, deixa aliviado este grupo, que quer salvar os corais na Lajinha. “Infelizmente para São Vicente, felizmente para os corais, a chuva prevista para este fim-de-semana é de quatro milímetros, portanto de pouco volume, não será suficiente para correr água. Por isso estamos tranquilos, se não teríamos que tomar uma medida qualquer para resolver a situação”, assegura.
De acordo com a bióloga Corine Almeida, com a criação do Campus do Mar este local poderá ser de interesse para o desenvolvimento de mais projetos de investigação e atrair estudantes e investigadores nacionais e estrangeiros. Esta docente universitária vai mais além e admite que as pressões feitas ao longo dos anos sobre o ambiente onde estão os corais podem ser uma estratégia para se extinguir as espécies e dar espaço a novos investimentos. “Prevejo que a praia pode vir a ser estendida ainda mais, uma vez que há interesse para a instalação de um hotel na zona da Electra. Seria de interesse de alguns destruir esta região da enseada de corais para depois se justificar a extensão também da praia”, exprime.
Esta profissional acredita ainda que esta é uma oportunidade para o Governo transmitir ética ambiental às autoridades ambientais e outras, nas suas actuações. A primeira medida, avança, seria deslocar a tubulação apontada para a enseada. A tubagem, diz, poderia ser desviada para dentro da praia, para uma zona onde haja correnteza suficiente para movimentar as impurezas transportadas pela chuva.
Tanto Corine Almeida como Guilherme Mascarenhas consideram necessária a protecção dessa enseada, que, dizem, ganha mais valor por ficar dentro da cidade, ser de fácil acesso, ter águas calmas e representar um contributo significativo para a ciência.
Sidneia Newton (Estagiária)