O Governo está a reforçar a presença das forças policiais e militares na Boa Vista para obrigar a população a cumprir as medidas de quarentena, numa altura em que a ilha regista um quadro dramático com o aumento dos infectados para 55 pessoas, pelo menos até ontem. Segundo o ministro da Administração Interna, mais 57 soldados, além de agentes do Corpo de Intervenção da PN, devem chegar a qualquer momento à ilha das dunas e engrossar as forças de ordem e de repressão já presentes. “Sempre numa perspectiva de garantir o cumprimento do Estado de Emergência”, fez questão de enfatizar o ministro Paulo Rocha ontem em conferência de imprensa, lembrando que desde a detecção do primeiro caso positivo foi enviado um contingente militar, policial e de protecção civil para Boa Vista.
Agora, com o agravamento do quadro epidemiológico, e muito por causa do comportamento de pessoas que negam cumprir o confinamento social, o Governo decidiu aumentar a força de intervenção terrestre, enquanto mantém a vigilância marítima para impedir a saída de embarcações da ilha. Uma das zonas mais policiadas neste momento é o Bairro da Boa Esperança, onde vive boa parte dos trabalhadores que estavam confinados no hotel Riu Karamboa, que está cercado. As autoridades estão a usar cancelas para impedir a entrada e saída de pessoas sem controlo desse bairro.
“Não concordo em absoluto que as pessoas não estejam a cumprir. A larga maioria dos cidadãos cumpre em consciência e voluntariamente e vê-se isso nas ruas. Claro que não são todos e lá onde for preciso a PN, as Forças Armadas, a IGAE e a PJ têm actuado com rigor, visando o cumprimento do dever de recolhimento domiciliar com acções pedagógicas, de sensibilização e com medidas mais robustas, que, no extremo, terminam com a detenção por desobediência”, salienta Paulo Rocha, lembrando que muitas pessoas já foram apresentadas ao poder judiciário pelo crime de desobediência.
Quanto ao incidente ocorrido no hotel Riu Karamboa e que culminou com a “libertação” dos trabalhadores em quarentena, Paulo Rocha admite que a saída dessas pessoas foi uma medida tomada pelo Governo para evitar um mal maior. Como explica, esse grupo já estava a cumprir um segundo período de quarentena, devido ao surgimento do segundo caso positivo de Covid-19 no hotel, e a revolta ocorreu no último dia do período “normal” de quarentena. E já nesse instante aquilo que as pessoas queriam era voltar às suas residências. Como Paulo Rocha deixa perceber, essa medida foi tomada para se evitar o uso desproporcional da força pelas autoridades e que pudesse causar vítimas.
KzB